" MENSAGEM DO DIA "
MENSAGENS e POESIAS

MARÇO de 2006


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01/Março/2006:

“ VEM... ”
- ASES - Bragança Paulista -

“ Vem...
Mas não tragas o pó de outras andanças.
Não me despertes mortas esperanças.
Vem desarmado, solto, livre
como pássaro, romântico trovador.
Traze-me tua voz, teu canto, teu calor.

Vem fatigado, descansar em novos prados.
Vem faminto, desprotegido, em busca de afeto.
Mas traze em tua mochila punhados de sonhos,
nos lábios o mel que me adoçará o riso,
nos braços a quentura de muitos sóis,
nos olhos a chama de mil velas.

Vem...
E me olha me toca me abraça.
Ansioso me enlaça, faze-me estremecer.

Vem...
E te entrega por inteiro, no fluir das horas.
Não te inquietes, não te preocupes em ir embora.
Vive o agora, o momento que breve passa...

Ou então... Não venhas!
Que não te quero parte, metade.
Não te quero migalha...
Quero um amor... de verdade! ”

( Leonilda Yvonneti Spina - 'Biografia' - 1940/**** )

02/Março/2006:

“ SUPERSTIÇÃO”
- ASES - Bragança Paulista -

“ Sexta, treze, céu de agosto
lua cheia, assombração,
vento frio de desgosto,
que soprando sem direção,
partiu em mil pedaços
o espelho dos meus sonhos,
não deixando um só espaço
na parede do meu quarto,
que não fosse solidão.

Ficando somente exposto
o avesso do meu rosto
em cacos soltos pelo chão. ”

( Norberto de Moraes Alves - 'Biografia' - 1931/**** )

03/Março/2006:

“ NOTURNO ”
- ASES - Bragança Paulista -

“ O dia apagou sua luz,
a noite rompente
acendeu luminárias
intermitentes,
no teto de veludo negro.
(que seria das estrelas
se a noite não fosse escura...)

Os vaga-lumes enciumados
tornaram-se cintilantes
adornando o espaço.

E eu passo
desfilando saudade antiga,
infinda,
modulando a cantiga
na batida descompassada
do coração...

E entôo a balada
de versos antigos,
que falam de amores findos.
Canto até que surja a alvorada,
a brisa rasgue a neblina
e o dia clareie o meu nada... ”

( Wadad Kattar Camargo - 'Biografia' - 1944/**** )

06/Março/2006:

“ O LÁZARO DA PÁTRIA ”
- Eu - 1912 -

“ Filho podre de antigos Goitacases,
Em qualquer parte onde a cabeça ponha,
Deixa circunferências de peçonha,
Marcas oriundas de úlceras e antrazes.

Todos os cinocéfalos vorazes
Cheiram seu corpo. À noite, quando sonha,
Sente no tórax a pressão medonha
Do bruto embate férreo das tenazes.

Mostra aos montes e aos rígidos rochedos
A hedionda elefantíase dos dedos...
Há um cansaço no Cosmos... Anoitece.

Riem as meretrizes no Casino,
E o Lázaro caminha em seu destino
Para um fim que ele mesmo desconhece! ”

( Augusto dos Anjos - 'Biografia' - 1884/1914 )

07/Março/2006:

“ REGINA COELI ”
- Broquéis- 1893 -

“Ó Virgem branca, Estrela dos altares,
Ó Rosa pulcra dos Rosais polares!

Branca, do alvor das ambulas sagradas
E das níveas camélias regeladas.

Das brancuras de seda sem desmaios
E da lua de linho em nimbo e raios.

Regina Coeli das sidéreas flores,
Hóstia da Extrema-Unção de tantas dores.

Ave de prata e azul, Ave dos astros...
Santelmo aceso, a cintilar nos mastros...

Gôndola etérea de onde o Sonho emerge...
Água Lustral que o meu Pecado asperge.

Bandolim do luar, Campo de giesta,
Igreja matinal gorjeando em festa.

Aroma, Cor e Som das Ladainhas
De Maio e Vinha verde dentre as vinhas,

Dá-me através de cânticos, de rezas,
O Bem, que almas acerbas torna ilesas.

O Vinho douro, ideal, que purifica
das seivas juvenis a força rica.

Ah! faz surgir, que brote e que floresça
A Vinha douro e o vinho resplandeça.

Pela Graça imortal dos teus Reinados
Que a Vinha os frutos desabroche iriados.

Que frutos, flores essa Vinha brote
Do céu sob o estrelado chamalote.

Que a luxúria poreje de áureos cachos
E eu um vinho de sol beba aos riachos.

Virgem, Regina, Eucaristia, Coeli,
Vinho é o clarão que teu Amor impele.

Que desabrocha ensangüentadas rosas
Dentro das naturezas luminosas.

Ó Regina do Mar! Coeli! Regina!
Ó Lâmpada das naves do Infinito!
Todo o Mistério azul desta Surdina
Vem d'estranhos Missais de um novo Rito!... ”

( Cruz e Sousa - 'Biografia' - 1862/1898 )

08/Março/2006:

“ WOMEN'S LIB”
- Dia Internacional da Mulher - ASES -

“ Os seios eram fartos,
tais como os quadris,
moldados que foram
nos diversos partos.

Pequeno nariz,
mãos calosas,
coxas vigorosas,
olhos brilhantes,
lábios falantes.

Era mulher, como outra qualquer!

Os sonhos? Esquecera
que um dia os tivera.
Tinha por metas
questões concretas:
o feijão a cozinhar
não podia queimar.
O filho a chorar,
tinha que calar.
O marido embriagado,
ser suportado...

Mas lhe sobrava
o que a algumas faltava:
determinação!

O marido dormia
e desconhecia sua intenção.
Desligou a panela,
fechou a janela,
reuniu as crianças
como quem tange gado.
Retirou dos guardados,
os últimos trocados.

Respirou esperança...

Trancou o portão
e encarou a rua.
O andar confiante,
confirma-lhe, adiante,
que apesar de crua
a vida é só sua! ”

( Henriette Effenberger- 'Biografia' - 1952/**** )

09/Março/2006:

“ O DIÁLOGO DOS ECOS ”
- Cachoeiras de Paulo Afonso -

“ E chegou-se p’ra a vivenda
Risonho, calmo, feliz...
Escutou... mas só ao longe
Cantavam as juritis...

Murmurou: “Vou surpr’endê-la!”
E a porta ao toque cedeu...
“Talvez agora sonhando
Diz meu nome o lábio seu,
Que a dormir nada prevê...”

E o eco responde: — Vê!...
“Como a casa está tão triste
Que aperto no coração!...
Maria!... Ninguém responde!

Maria, não ouves, não?...
Aqui vejo uma saudade
Nos braços de sua cruz...
Que querem dizer tais prantos,
Que rolam tantos, tantos,
Sobre as faces da saudade
Sobre os braços de Jesus?...

Oh! quem me empresta uma luz?...
Quem me arranca a ansiedade,
Que no meu peito nasceu?
Quem deste negro mistério
Me rasga o sombrio véu?...”
E o eco responde: — Eu!...

E chegou-se para o leito
Da casta flor do sertão...
Apertou co’a mão convulsa
O punhal e o coração!...
‘Stava inda tépido o ninho
Cheio de aromas suaves...

E — como a pena, que as aves
Deixam no musgo ao voar, —
Um anel de seus cabelos
Jazia cortado a esmo
Como relíquia no altar!...

Talvez prendendo nos elos
Mil suspiros, mil anelos,
Mil soluços, mil desvelos,
Que ela deu-lhes p’ra guardar!...
E o pranto em baga a rolar...
“Onde a pomba foi perder-se?

Que céu minha estrela encerra?
Maria, pobre criança,
Que fazes tu sobre a terra?”
E o eco responde: — Erra!
“Partiste! Nem te lembraste
Deste martírio sem fim!...

Não! perdoa... tu choraste
E os prantos, que derramaste
Foram vertidos por mim...
Houve pois um braço estranho
Robusto, feroz, tamanho,
Que pôde esmagar-te assim?...”

E o eco responde: — Sim!
E rugiu: “Vingança! guerra!
Pela flor, que me deixaste,
Pela cruz em que rezaste,
E que teus prantos encerra!
Eu juro guerra de morte
A quem feriu desta sorte
O anjo puro da terra...

Vê como este braço é forte!
Vê como é rijo este ferro!
Meu golpe é certo... não erro.
Onde há sangue, sangue escorre!...

Vilão! Deste ferro e braço,
Nem a terra, nem o espaço,
Nem mesmo Deus te socorre!!...”

E o eco responde: — Corre !
Como o cão ele em torno o ar aspira,
Depois se orientou.
Fareja as ervas... descobriu a pista
E rápido marchou.

No entanto sobre as águas, que cintilam,
Como o dorso de enorme crocodilo,
Já manso e manso escoa-se a canoa;
Parecia assim vista — ao sol poente —
Esses ninhos, que o vento lança às águas,
E que na enchente vão boiando à toa!... ”

( Castro Alves - 'Biografia' - 1847/1871 )

10/Março/2006:

“ O CÁLICE ”
- Parnaso de Além-Túmulo - 1932 -

“ A chuva benéfica e abundante cai dos céus
Mitigando a sede da terra.
Assim também, o Amado faz chover sobre os homens
Os poderes e as bênçãos.
No entanto, choras e desesperas...
Por que não recolheste a tempo a tua parte?
- Nada vi - responderás...
É porque teus olhos estavam nevoados na atmosfera do sonho.

O Senhor passa todos os dias,
Distribuindo os dons celestiais,
Mas as ânforas do teu coração vivem transbordando de substâncias estranhas.
Aqui, guardas o vinagre dos desenganos,
Acolá, o envenenado licor dos caprichos.
O Amado é incapaz de violentar a tua alma.
Seu carinho aguarda a confiança espontânea,
Seu coração freme de júbilo,
Na expectativa de entregar-te os tesouros eternos...

Mas, até agora,
Persegues a fantasia e alimentas furiosamente a ilusão.
Todavia, o Amado espera.
E dia virá,
Na estrada longa do destino,
Em que estenderás ao seu amor infinito
O cálice do coração lavado e vazio. ”

( Chico Xavier / Alma Eros - 'Biografia' - 1910/2002 )

13/Março/2006:

“ RETRATO DO DESCONHECIDO ”

“ Ele tinha uns ombros estreitos, e a sua voz era tímida,
Voz de um homem perdido no mundo,
Voz de quem foi abandonado pelas esperanças,
Voz que não manda nunca,
Voz que não pergunta,
Voz que não chama,
Voz de obediência e de resposta,
Voz de queixa, nascida das amarguras íntimas,
Dos sonhos desfeitos e das pobrezas escondidas.

Há vozes que aclaram o ser,
Macias ou ásperas, vozes de paixão e de domínio,
Vozes de sonho, de maldição e de doçura.
Os ombros eram estreitos,
Ombros humildes que não conhecem as horas de fogo do
amor inconfundível,

Ombros de quem não sabe caminhar,
Ombros de quem não desdenha nem luta,
Ombros de pobre, de quem se esconde,
Ombros tristes como os cabelos de uma criança morta,
Ombros sem sol, sem força, ombros tímidos,
De quem teme a estrada e o destino
De quem não triunfará na luta inútil do mundo:
Ombros nascidos para o descanso das tábuas de um caixão,
Ombros de quem é sempre um Desconhecido,
De quem não tem casa, nem Natal, nem festas;
Ombros de reza de condenado,
E de quem ama, na tristeza, a sombra das madrugadas;
Ombros cuja contemplação provoca as últimas lágrimas.

Os seus pés e as suas mãos acompanhavam os ombros
num mesmo ritmo.
Mãos sem luz, mãos que levam à boca o alimento
sem substância,
Mãos acostumadas aos trabalhos indolentes,
Mãos sem alegria e sem o martírio do trabalho.
Mãos que nunca afagaram uma criança,
Mãos que nunca semearam,
Mãos que não colheram uma flor.
Os pés, iguais às mãos
— Pés sem energia e sem direção,
Pés de indeciso, pés que procuram as sombras e o esquecimento,
Pés que não brincaram, pés que não correram.

No entanto os olhos eram olhos diferentes.
Não direi, não terei a delicadeza precisa na expressão
para traduzir o seu olhar.
Não saberei dizer da doçura e da infância daqueles olhos,
Em que havia hinos matinais e uma inocência, uma tranqüilidade,
um repouso de mãos maternas.

Não poderei descrever aquele olhar,
Em que a Poesia estava dormindo,
Em que a inocência se confundia com a santidade.
Não poderei dizer a música daquele olhar que me surpreendeu um dia,

Que se abriram diante de mim como um abrigo,
E que me trouxe de repente os dias mortos,
Em que me descobri como outrora,
Livre e limpo, como no princípio do mundo,
Envolvido na suavidade dos primeiros balanços,
Sentindo o perfume e o canto das horas primeiras!
Não direi do seu olhar!

Não direi do seu olhar!
Não direi da sua expressão de repouso!
Ainda não sei se era dele esse olhar,
Ou se nasceu de mim mesmo, num rápido instante de paz
e de libertação! ”

( Augusto Frederico Schmidt - 'Biografia' - 1906/1965 )

14/Março/2006:

“ O NADADOR ”
- Cachoeiras de Paulo Afonso -

“ Ei-lo que ao rio arroja-se.
As vagas bipartiram-se;
Mas rijas contraíram-se
Por sobre o nadador...
Depois s’entreabre lúgubre
Um círculo simbólico...
É o riso diabólico
Do pego zombador!

Mas não! Do abismo — indômito
Surge-me um rosto pálido,
Como o Netuno esquálido,
Que amaina a crina ao mar;
Fita o batel longínquo
Na sombra do crepúsculo...
Rasga com férreo músculo
O rio par a par.

Vagas! Dalilas pérfidas!
Moças, que abris um túmulo,
Quando do amor no cúmulo
Fingis nos abraçar!
O nadador intrépido
Vos toca as tetas cérulas...
E após — zombando — as pérolas
Vos quebra do colar.
Vagas! Curvai-vos tímidas!

Abri fileiras pávidas
Às mãos possantes, ávidas
Do nadador audaz!...
Belo, de força olímpica
— Soltos cabelos úmidos —
Braços hercúleos, túmidos...
É o rei dos vendavais!

Mas ai! Lá ruge próxima
A correnteza hórrida,
Como da zona tórrida
A boicininga a urrar...
É lá que o rio indômito,
Como o corcel da Ucrânia,
Rincha a saltar de insânia,
Freme e se atira ao mar.

Tremeste? Não! Qu’importa-te
Da correnteza o estrídulo?
Se ao longe vês teu ídolo,
Ao longe irás também...
Salta à garupa úmida
Deste corcel titânico...
— Novo Mazeppa oceânico —
Além! além! além!... ”

( Castro Alves - 'Biografia' - 1847/1871 )

15/Março/2006:

“ IDADE MADURA ”
- Antologia Poética - 1962 -

“ As lições da infância
desaprendidas na idade madura.
Já não quero palavras
nem delas careço.
Tenho todos os elementos
ao alcance do braço.
Todas as frutas
e consentimentos.
Nenhum desejo débil.
Nem mesmo sinto falta
do que me completa e é quase sempre melancólico.

Estou solto no mundo largo.
Lúcido cavalo
com substância de anjo
circula através de mim.
Sou varado pela noite, atravesso os lagos frios,
absorvo epopéia e carne,
bebo tudo,
desfaço tudo,
torno a criar, a esquecer-me:
durmo agora, recomeço ontem.

De longe vieram chamar-me.
Havia fogo na mata.
Nada pude fazer,
nem tinha vontade.
Toda a água que possuía
irrigava jardins particulares
de atletas retirados, freiras surdas, funcionários demitidos.

Nisso vieram os pássaros,
rubros, sufocados, sem canto,
e pousaram a esmo.
Todos se transformaram em pedra.
Já não sinto piedade.

Antes de mim outros poetas,
depois de mim outros e outros
estão cantando a morte e a prisão.
Moças fatigadas se entregam, soldados se matam
no centro da cidade vencida.
Resisto e penso
numa terra enfim despojada de plantas inúteis,
num país extraordinário, nu e terno,
qualquer coisa de melodioso,
não obstante mudo,
além dos desertos onde passam tropas, dos morros
onde alguém colocou bandeiras com enigmas,
e resolvo embriagar-me.

Já não dirão que estou resignado
e perdi os melhores dias.
Dentro de mim, bem no fundo,
há reservas colossais de tempo,
futuro, pós-futuro, pretérito,
há domingos, regatas, procissões,
há mitos proletários, condutos subterrâneos,
janelas em febre, massas de água salgada, meditação e sarcasmo.

Ninguém me fará calar, gritarei sempre
que se abafe um prazer, apontarei os desanimados,
negociarei em voz baixa com os conspiradores,
transmitirei recados que não se ousa dar nem receber,
serei, no circo, o palhaço,
serei médico, faca de pão, remédio, toalha,
serei bonde, barco, loja de calçados, igreja, enxovia,
serei as coisas mais ordinárias e humanas, e também as excepcionais:
tudo depende da hora
e de certa inclinação feérica,
viva em mim qual um inseto.

Idade madura em olhos, receitas e pés, ela me invade
com sua maré de ciências afinal superadas.
Posso desprezar ou querer os institutos, as lendas,
descobri na pele certos sinais que aos vinte anos não via.
Eles dizem o caminho,
embora também se acovardem
em face a tanta claridade roubada ao tempo.
Mas eu sigo, cada vez menos solitário,
em ruas extremamente dispersas,
transito no canto do homem ou da máquina que roda,
aborreço-me de tanta riqueza, jogo-a toda por um número de casa,
e ganho. ”

( Carlos Drummond de Andrade - 'Biografia' - 1902/1987 )

16/Março/2006:

“ ALVORECER ”
- CD Mundo Criança - 1997 -

“ Já raiou o dia,
O Sol anuncia...
Você abre os olhos e já vê:
A vida é um presente
Que Deus dá pra gente,
Acorda chegou o amanhecer

Deixe que a luz do dia
Vire harmonia.
Dentro da alma vai nascer,
Uma luz que irradia
A paz e a alegria,
De um eterno alvorecer.

Nem todo mundo
vai saber
O que se passa com você,
Porque você vai enxergar
O que ninguém
pode tocar,
Nem pode ver. ”

( Plínio Oliveira - 'O Poeta Cantor' - 1969/**** )

17/Março/2006:

“ EU PRECISO DE VOCÊ ”
- CD Natal com a Tua Ação - 2001 -

“ Vem ser,
A alegria das manhãs,
O abraço, a mansidão.
Nesse mundo onde a dor
Não escolhe ninguém,
Basta ter um coração.

Vem ser,
A folia, o elã,
O afago, o perdão.
Tanta falta faz o amor,
Adorar, querer bem,
E chamar alguém de irmão.

Eu preciso de você,
Temos tanto que fazer,
Tudo em volta pede a força
Da nossa amizade,
Pode crer...

Eu preciso de você,
Será que você não vê?
Que sozinho ninguém faz,
Da vida a felicidade
Que é viver...

Eu preciso de Você !!! ”

( Plínio Oliveira - 'O Poeta Cantor' - 1969/**** )

20/Março/2006:

“ NO CORAÇÃO DE DEUS ”
- CD Feitos Pra Amar - 2005 -

“ E tudo é tão maior
E o universo é só...
Uma visão que se tem,
O verso de uma canção de alguém.

Tem gente ao redor,
Mas eu me sinto só...
Me dá tua mão, vem pra mim,
Você me chamou, eu vim.

Percorro espaços
De olhos fechados,
De estrelas a estrela do mar,
Mas você não vem,
Onde você está?

Tempo calado,
Desertos de aço
E gente que não quer parar (pra pensar).
Mas vai ficar tudo bem,
Quando você chegar...
Mas vai ficar tudo bem,
É só você voltar !!! ”

( Plínio Oliveira - 'O Poeta Cantor' - 1969/**** )

21/Março/2006:

“ O IRMÃO ”
- Parnaso de Além-Túmulo -

“ Por quê ajuízas com ironia,
Sobre as obscuridades do irmão que sobe dificilmente a montanha?

Quando atravessava a floresta,
O pobrezinho julgou que o Amado lhe falava à mente pela voz do trovão.
E lhe erigiu altares
Enfeitados de flechas.

Depois,
Quanto penetrou noutros círculos,
Acreditou que o Senhor pertencia somente ao seu grupo
E que as outras comunidades humanas eram condenadas...
Lutou, sofreu, feriu-se em dolorosas experiências.

O Amado, porém, jamais o deserdou por isso.
Deu-lhe novas forças,
Concedeu-lhe oportunidades diferentes.
Por vezes,
Buscou-o no fundo dos abismos,
Como pai carinhoso,
Em busca da criancinha abandonada.

De tempos em tempos,
Fê-lo dormir ao regaço,
Ao influxo do bendito esquecimento,
Para que o sol do trabalho lhe sorrisse outra vez.
Não observas em seu caminho áspero a tua própria história?

Não atormentes com palavras amargas o irmão que se eleva
Laboriosamente,
Dando ao mundo o que possuí de melhor.
Ama-o, faze-lhe o bem que possas.

Se já atingiste
Algum topo de colina,
Contempla as culminâncias que te aguardam
Entre as nuvens,
E estende as mãos fraternas
Àquele que ainda não pode ver o que já vês !!! ”

( Chico Xavier / Alma Eros - 'Biografia' - 1910/2002 )

22/Março/2006:

“ INSPIRAÇÃO ”
- Homenagem ao Dia Internacional da Poesia - ASES -

“ Moldo a poesia em palavras,
como o artista molda o barro,
o pintor procura as cores,
e o músico a nota perfeita...
O que me leva a escrever,
move o pintor a pintar
leva o músico a compor
impele o cantor a cantar.

Chamam de inspiração,
eu chamo modo de amar.

Eu me inspiro em teu olhar
e no que te faz sonhar...
Inspiro-me no meu próprio sonho,
no trabalho que componho,
no amor, no abandono...
Inspira- me o dorso de um gato,
a moldura sem retrato,
um velho par de sapatos...
Inspiro-me na amplidão,
nas veias de tua mão,
num pedaço carcomido
de uma côdea de pão...

Inspiram- me todas as pessoas
que cruzaram o meu caminho,
inspira- me, na multidão,
um louco falando sozinho...
Às vezes a inspiração,
está na pétala da flor,
no vôo do passarinho,
na dor da desilusão.
Nas pedras do meu jardim,
nos ossos à flor da pele,
numa coroa de espinhos...

Os sons da velha cantiga,
os acordes de um violão.
O sorriso de uma amiga,
espantando a solidão.
Inspiram-me os inimigos,
que querem me ver no chão.

As vitórias conquistadas,
os revezes do destino,
as curvas doces dos rios,
as cascatas barulhentas,
a imensidão dos mares,
os aviões que cruzam os ares...

As florestas destruídas,
meninas prostituídas,
e crianças no farol.
Mulheres lindas despidas
nas revistas masculinas,
torsos nus e ofegantes,
cavalheiros elegantes,
damas da sociedade,
mendigos na porta da igreja,
uma oração benfazeja...

O gingar de adolescentes,
aquele velho sem dentes,
à tarde, um pôr-do sol...
A lua inteira ou em meia,
o agricultor que semeia,
o operário concentrado
na lida do dia a dia...
O homem rude chorando,
A mulher gesticulando
e um galo, ao longe, cantando...
A água que vai faltar,
um par de noivos no altar,
a laje nua e fria
de um túmulo abandonado...

Um amor desesperado,
um sorriso indiferente,
gentes de todas as faces,
juntando os seus pedaços
após a guerra cruel.
O conforto de um abraço,
o amor criando laço,
uma estrela lá no céu.
A esperança ressurgindo
depois de cada desgraça,
um homem virando anjo
e um anjo em estado de graça!

Inspiram- me as boas novas,
as lembranças do passado,
a ciência que desbrava,
a fé que transcende ao pó.
Inspiram me os pensamentos,
as doenças e os tormentos,
de quem sempre viveu só.

Servem-me de inspiração
raios riscando os céus,
nuvens querendo chover,
o dia que vai nascer,
e a solidão dos ateus...
O sol que é fonte de tudo,
a noite cobrindo o mundo,
o sentimento profundo
que envolve todo meu ser,
quando tudo fica mudo
e minha oração chega a Deus.! ”

( Henriette Effenberger - 'Biografia' - 1952/**** )

23/Março/2006:

“ SILÊNCIO ”

“ No fadário que é meu, neste penar,
Noite alta, noite escura, noite morta,
Sou o vento que geme e quer entrar,
Sou o vento que vai bater-te à porta...

Vivo longe de ti, mas que me importa?
Se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear
Em roda à tua casa, a procurar
Beber-te a voz, apaixonada, absorta!

Estou junto de ti, e não me vês...
Quantas vezes no livro que tu lês
Meu olhar se pousou e se perdeu!

Trago-te como um filho nos meus braços!
E na tua casa... Escuta!... Uns leves passos...
Silêncio, meu Amor!... Abre! Sou eu!... ”

( Florbela Espanca - 'Biografia' - 1894/1930 )

24/Março/2006:

“ ADOLESCÍAMOS ”
- Jornal da Poesia - 1999 -

“ Esta névoa do chocolate
quente;
muito mais, Ela
do que a filha do circo,
bonita:

era um dia, domingo e suas vestes,
enquanto as nossas mães conversavam,
nós nos recostávamos à máquina de costura,

Singer, a velha máquina — se não tínhamos um piano;
quando me dei conta,

suavemente eu lhe olhava os cabelos,
que também lhe olhava
rapidamente os olhos calmos.

Se algum gesto foi feito à tesoura
era apenas um disfarce:
nada haveria de nenhum corte.

E se confundem todas as luzes
numa névoa fina
de xícara e cálice:

Mirtes —
adolescíamos. ”

( Soares Feitosa - 'Biografia' - 1944/**** )

27/Março/2006:

“ QUANDO EU MORRER ”
- Jornal da Poesia -

“ Quando eu morrer o mundo continuará o mesmo,
A doçura das tardes continuará a envolver as coisas todas.
Como as envolve agora, neste instante.
O vento fresco dobrará as árvores esguias
E levantará as nuvens de poesia nas estradas...

Quando eu morrer as águas claras dos rios rolarão ainda,
Rolarão sempre, alvas de espuma.
Quando eu morrer as estrelas não cessarão de acender-se
no lindo céu noturno,
E nos vergéis onde os pássaros cantam as frutas
continuarão a ser doces e boas.

Quando eu morrer os homens continuarão sempre os mesmos.
E hão de esquecer-se do meu caminho silencioso entre eles,
Quando eu morrer os prantos e as alegrias permanecerão,
Todas as ânsias e inquietudes do mundo não se modificarão.
Quando eu morrer os prantos e as alegrias permanecerão.
Todas as ânsias e inquietudes do mundo não se modificarão.
Quando eu morrer a humanidade continuará a mesma.
Porque nada sou, nada conto e nada tenho.
Porque sou um grão de poeira perdido no infinito.

Sinto porém, agora, que o mundo sou eu mesmo
E que a sombra descerá por sobre o universo vazio de mim
Quando eu morrer... ”

( Augusto Frederico Schmidt - 'Biografia' - 1906/1965 )

28/Março/2006:

“ CANÇÃO ”
- Jornal da Poesia -

“ No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.

Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto.

Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.

Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.

E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim. ”

( Cecília Meireles - 'Biografia' - 1901/1964 )

29/Março/2006:

“ COMO SE FALA TANTO DE PAZ, SE SÓ SE FAZ A GUERRA ? ”

“Penso muito, não paro de pensar, muitas vezes me sinto entorpecida, meio tonta no meio de um tiroteio, sabe? De coração aberto, falo que me sinto orgulhosa de alienar perante determinados assuntos e retóricas..
Não tenho a menor intenção de preconizar e conceituar PAZ, nem me digo tão sábia a ponto de postular algo ou alguém nesse mundo.

Se falo dessa forma, vão seguir-me dizendo: Não se menospreze, menina! Você escreve um monte, você é uma promessa na literatura brasileira..., enchem-me de gás e lá vou eu me sentindo a Florbela Espanca dos pobres, satirizando, observando, ditando...

Se digo o contrário, se mostro quem sou, se conto o que passei, mesmo sabendo que memórias sempre causam um pouco de 'me amem ou me deixem', o que encaro como um grande exercício de doação e exposição, para que sintam o que está dentro do meu universo..., ahh!! aí rotulam-me sem dó nem piedade: a tal! Ô menininha que se sente... Acima do bem e do mal, a imortal !!!

É complicado mas, para mim, que estou me formando como educadora, professando uma didática mais afetiva e próxima do meu alunato, tendo que entrar no seu cenário e também na sua psique, visando entender e transgredir traumas, para que não mitifiquem uma matéria cheia de rótulos como o é a famosa e odiada QUÍMICA!

Só que, no mesmo mundinho onde soterram-nos de mensagens e manifestos contra a guerra, pretensa idéia de Paz, essas mesmas pessoas contradizem-se, não conseguindo abrir os seus olhos e ouvidos para escutar o outro, e se doar, e a vir se colocar na situação do outro. Pois é !

Falo de políticos? Falo de maniqueístas governamentais? Não !!!

Falo de pessoas que dizem ter a poesia em seus corações, ou por escrevê-las, mesmo na forma de prosa, como também daqueles que dizem apreciar a poesia !!!

Que atitude poética, não? Não, Atitude patética!!!

Sabe o por quê? Pelo julgamento, crítica pela crítica, valorização do estético frente ao que tem essência, e ainda por cima do material, coisas das quais nós, que estamos nesse 'meinho' virtual e poético, deveríamos e dizemos estar fugindo, mas o mundo urge desses elementos...

Dói ver tanto descaso e tanta hipocrisia rolando pela rede... Pessoas dizendo uma coisa e fazendo outra, por trás de pessoas que dizem amar... e sabem qual a única forma de defesa? O 'nickname' !!!

Faça-me o favor... Nunca, 'nunquinha' vou-me esconder por detrás de algum 'nickname' para vir a descobrir falsidades ou dubiedades !!!

Na era do Reality Show: Luz, câmera e ação... isso é um jogo?

Não..., recuso-me a entrar nessa balbúrdia estapafúrdia de um comendo o outro como se fossem canibais!!!

Realmente, vivo a PAZ, não gosto de guerras e nem de jogos, porque ninguém ganha nada com isso, nem quinhentos mil... e eu perco ainda mais, pois sofro a cada dia e me humilho por ser honesta...

Querem uma 'filosofiazinha' de Big Brother Brasil ? Dhomini falou que um dia as pessoas terão vergonha de serem honestas...

Nesse dia, se ele vier, quero estar morta, ou então façam o favor de me matar... cada um de vocês.
Pela PAZ, sempre, sem hipócritas doutrinas nem guerras vis por questões irreais !!!
PAZ!!! ”

( Cris Passinato - 'Biografia' - 1973/**** )

30/Março/2006:

“ OS ARROIOS ”
- Baú de Espantos - 1986 -

“ Os arroios são rios guris...
Vão pulando e cantando dentre as pedras.
Fazem borbulhas d'água no caminho: bonito!
Dão vau aos burricos,
às belas morenas,
curiosos das pernas das belas morenas.
E às vezes vão tão devagar
que conhecem o cheiro e a cor das flores
que se debruçam sobre eles nos matos que atravessam
e onde parece quererem sestear.
Às vezes uma asa branca roça-os, súbita emoção
como a nossa se recebêssemos o miraculoso encontrão
de um Anjo...
Mas nem nós nem os rios sabemos nada disso.
Os rios tresandam óleo e alcatrão
e refletem, em vez de estrelas,
os letreiros das firmas que transportam utilidades.
Que pena me dão os arroios,
os inocentes arroios... ”

( Mário Quintana - 'Biografia' - 1906/1994 )

31/Março/2006:

“ AS VIDAS ANTERIORES, A CARIDADE E A FÉ RACIOCINADA”
- O Evangelho Segundo o Espiritismo - 1864 -

“ (...) As idéias inatas se explicam pelos conhecimentos adquiridos
nas vidas anteriores; a marcha dos povos e da Humanidade,
pela ação dos homens dos tempos idos e que revivem,
depois de terem progredido; as simpatias e antipatias,
pela natureza das relações anteriores. Essas relações,
que religam a grande família humana de todas as
épocas, dão por base, aos grandes princípios de fraternidade,
de igualdade, de liberdade e de solidariedade universal,
as próprias leis da Natureza e não mais uma simples teoria.

Em vez do postulado: Fora da Igreja não há salvação,
que alimenta a separação e a animosidade entre as
diferentes seitas religiosas e que há feito correr tanto sangue,
o Espiritismo tem como divisa:
Fora da Caridade não há salvação
,
isto é, a igualdade entre os homens perante Deus,
a tolerância, a liberdade de consciência e a benevolência mútua.

Em vez da fé cega, que anula a liberdade de pensar, ele diz:
Não há fé inabalável, senão a que pode encarar
face a face a razão, em todas as épocas da Humanidade
.
À fé, uma base se faz necessária e essa base é a inteligência
perfeita daquilo em que se tem de crer.

Para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender.
A fé cega já não é para este século. É precisamente ao dogma
da fé cega que se deve o existir hoje tão grande número de
incrédulos, porque ela quer impor-se e exige a abolição
de uma das mais preciosas faculdades do homem:
o raciocínio e o livre-arbítrio.”

( Allan Kardec - 'Biografia' - 1804/1869 )

 

 

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