01/Novembro/2004:
O MILAGRE "
Dias
maravilhosos em que os jornais vêm cheios de poesia
e do lábio do amigo brotam palavras de eterno encanto.
Dias mágicos em que os burgueses
espiam,
através das vidraças dos escritórios,
a graça gratuita das nuvens.
( Mario Quintana - 'Biografia'
- 1906/1994 )
03/Novembro/2004:
PRIMEIRO E DEPOIS"
Sentir primeiro, pensar depois.
Perdoar primeiro, julgar depois.
Amar primeiro, educar depois.
Esquecer primeiro, aprender depois.
Libertar primeiro, ensinar depois.
Alimentar primeiro, cantar depois.
Possuir primeiro, contemplar depois.
Agir primeiro, julgar depois.
Navegar primeiro, aportar depois.
Viver primeiro, morrer depois.
( Mario Quintana - 'Biografia'
- 1906/1994 )
04/Novembro/2004:
ACIMA DE TODO MAL "
Toda dor vem e passa.
A doença chega e se vai.
Cada problema tem a solução
adequada ao nosso progresso
Acima de todo mal, permanece sempre o espírito imortal e o amor
de Deus.
( Scheilla / Clayton B. Levy
- 'A
Mensagem do Dia' )
05/Novembro/2004:
NO CLIMA DA PRECE "
Acalme o seu coração.
Dificuldades são ensinamentos importantes.
Se você caiu, apóie-se no trabalho edificante para reerguer-se.
Se a doença o visita, encare-a sem revolta nem desânimo,
recorrendo aos recursos necessários para
a volta do equilíbrio.
No mundo, a noção
de saúde ainda se limita à visão parcial do corpo
físico.
Há, porém, doentes saudáveis, do ponto de vista
espiritual,
assim como existem pessoas em plena posse
das energias físicas, entretanto doentes do espírito.
Lembre-se de que a vida gera mais
vida !
Lutas, dores, decepções e tristezas formam o quadro abençoado
de experiências que nos ensinam a perseverar sempre.
Em qualquer situação, prossiga trabalhando no bem.
Rejeite os pensamentos negativos
no clima da prece,
e você sentirá a presença do Mais Alto amparando-o.
( Scheilla / Clayton B. Levy
- 'A
Mensagem do Dia' )
08/Novembro/2004:
O BOTÃO DE ROSA
"
a uma Atriz
O campo abrira o seio às
expansões frementes
das árvores senis, dos galhos viridentes.
Caía a tarde fresca
Loira, gentil, vivaz como a canção tudesca.
A iluminada esfera
Calma, profunda, azul como um sonhar de virgem,
Dava um brilho-cetim às verdes folhas d`hera.
No ar uma harmonia avigorada e casta,
No crânio uma vertigem
Duma idéia viril, duma eloqüência vasta.
Tardes formosíssimas,
Ó grande livro aberto aos geniais artistas,
Como tanto alargais as crenças panteístas,
Como tanto esplendeis e como sois riquíssimas.
Quanta vitalidade indefinida,
quanta,
Na pequenina planta,
No doce verde-mar dos trêmulos arbustos,
Que misticismo, justos,
Bebia a alma inteira ao devassar o arcano
Das árvores titãs, das árvores fecundas
Que tinham, como o oceano,
Febris palpitações intérminas, profundas.
Esplêndidas paisagens,
Opunha o largo campo às vistas deslumbradas.
As múrmuras ramagens,
À luz serena e terna, à luz do sol - que espadas
De fogo arremessava, em frêmitos nervosos,
Pelo côncavo azul dos céus esplendorosos,
Tinham falas de amor, segredos vacilantes
Finos como os brilhantes.
A música das aves
Cortava o éter calmo, em notas multiformes,
Límpidas e graves
Que estouravam no ar em convulsões enormes.
Aqui e além um rio
Serpejava na sombra, em meio de um rochedo
Áspero e sombrio.
O olhar perscrutador, o grande olhar, sem medo
E o espírito mudo,
Como um herói gigante avassalavam tudo...
Nuns madrigais risonhos
Abria-se o país fantástico dos sonhos.
Alavam-se os aromas
Leais, inexauríveis
Das largas e invisíveis Selváticas redomas.
A seiva rebentava
Em ondas - irrompia
Na doce e maviosa e plácida alegria
De uma ave que cantava,
Dos belos roseirais
Que ostentavam a flux as rosas virginais.
E as jubilosas franças
Dos arvoredos altos,
Rígidos, atléticos,
Derramavam no campo uns fluidos magnéticos
Dumas vontades mansas.
A doce alacridade ia explodindo
aos saltos.
E toda a natureza
Robusta de saúde e estrênua de grandeza
Libérrima e vital,
Erguia-se pujante, audaz e redentora,
No gérmen material da força criadora,
Dentre a vida selvagem, mística, animal...
Dos roseirais preciosos
Nos renques primorosos,
Numa linda roseira abria castamente,
Como um sonho de luz numa cabeça ardente,
O mais belo, o mais puro entre os botões de rosa.
Tinha essa cor formosa,
Tinha essa cor da aurora,
Quando ensangüenta em rubro a vastidão sonora.
Era um botão feliz
Sorrindo para o Azul, zombando da matéria.
Tinha o leve quebranto e a maciez etérea
Que uma estrofe não diz.
Das pétalas macias,
Das pétalas sanguíneas,
Doces como harmonias
Brandas e velutíneas
Uns perfumes sutis se espiralavam, raros,
Pela mansão do Bem, pelos espaços claros.
Perfumes excelentes,
Perfumes dos melhores
Perfumes bons de incógnitos Orientes.
Matéria, não deplores
O viver natural dos vegetais alegres;
Eles são mais ditosos
Que os nababos e reis nos seus coxins pomposos;
E por mais que tu regres
O matéria fatal, a tua vida inteira,
No rigor da higiene;
E por mais que a maneira
Do teu grande existir, desse existir - perene
De ironias e pasmos,
Explosões de sarcasmos
Tu completes, matéria - ó humanidade ousada
Com a ciência altanada;
E por mais que no século,
Tu mergulhes a idéia, o prodigioso espéculo,
Será sempre maior e exuberante e forte,
Ó matéria fatal,
Essa vida tão rica
Que se corporifica
Na valente coorte
Do poder vegetal.
Era um botão feliz,
Cuja roseira, impávida,
Ébria de aromas bons, ébria de orgulhos - ávida
De completa fragrância,
Palpitava com ânsia
Desde a própria raiz.
E entanto o sol tombara e triunfantemente
Como um supremo Rubens,
Jorrando à curvidade etérea do poente,
O ouro e o escarlate, aprimorando as nuvens,
Numa distribuição simpática de cores,
De tintas e de luzes
De galas e fulgores
Rubros como o estourar dos férvidos obuses.
O cérebro em nevrose,
No pasmo que precede a augusta apoteose
De uma excelsa visão perfeitamente bela,
De uma excelsa visão em límpidos docéis,
Exaltava o acabado artístico da Tela
E o gosto dos pincéis.
Caíam da amplidão
em névoas singulares
Os pálidos crepúsculos.
Os fúlgidos altares
Do homem primitivo - a relva, o prado, o campo
Onde ele ia buscar a força de uma crença
Que então lhe iluminasse a alma escura e densa,
Morriam de clarões - os poderosos músculos
Da fértil mãe de tudo - a natureza ingente -
Deixavam de bater. - O olhar do pirilampo
Oscilava, tremia - azul, fosforescente.
As sombras vinham, vinham,
Lembrando um batalhão d`espectros que caminham
E a casta nitidez sintética das cousas
Tomava a proporção das funerárias lousas.
Completara-se então o mais extraordinário,
O mais extravagante,
Dos fenômenos todos:
A noite. - Enfim descera a treva do Calvário,
A treva que envolveu o Cristo agonizante.
Coaxavam negras rãs nos
charcos e nos lodos.
A abóbada espaçosa, a física amplitude,
Mostrava a profundez da angústia de ataúde
De um operário pobre,
Quando se escuta o dobre
Amplíssimo e funéreo,
Sinistro e compassado,
Rolar pela mansão gloriosa do mistério,
Assim com um soluço aflito, estrangulado.
Devia ser, devia
Por uma noite assim,
Como esta noite igual,
Que derramou Maria
A lágrima da dor, - que o célebre Caim
Sentiu dentro do crânio as convulsões do Mal.
Mas o botão de rosa,
Traído pelo estranho zéfiro da sorte,
Rolou como uma cisma
Intensa e luminosa
Ardente e jovial em que a razão se abisma
E foi cair, cair no pélago da morte,
Em um dos mais raivosos,
Em um dos mais atrozes
Rios impetuosos,
Cheios de surdas vozes,
Sozinho, em desamparo, assim como um proscrito,
Em meio à placidez
Dos astros no infinito
E à mesma irracional e fúnebre mudez.
Depois e além de tudo,
Além do grave aspecto inteiramente mudo,
Ao tempo que morria
O cândido botão - em um dos tantos galhos
Virentes da roseira - alegre no ar se abria
Um outro que ostentava as pétalas sedosas,
As pétalas gracis de cores deliciosas,
De cores ideais.
As auras musicais
Passavam-lhe de leve,
Nos tímidos rumores,
De um ósculo mais breve.
E dentre a exposição
das delicadas flores,
Das rosas - o botão
Aberto ultimamente às cúpulas austeras,
Às plagas da esperança, a irmã das primaveras,
Pendido um quase nada, esbelto na roseira,
Mostrava aquela unção,
A ínclita maneira
De quem se glorifica
Subindo ao céu azul da majestade pura,
Da eterna exuberância,
Da fonte sempre rica,
Da esplêndida fartura
Da luz imaculada - a egrégia substância
Que faz das almas claras
Pela fecundidade olímpica do amor, Magníficas searas,
De onde se difunde à vida sempiterna,
À vida essencial, à lei que nos governa,
À idéia varonil do poeta sonhador.
A arte especialmente, esse prodígio,
atriz,
Como o botão de rosa
Tão meigo e tão feliz,
Pode ser arrojada e brutalmente, ao pego,
Na treva silenciosa,
Onde o espírito vai, atordoado e cego,
Cair, entre soluços,
Como um colosso ideal tombado ao chão de bruços,
Ou pode equilibrar-se em admirável base
Estética e profunda,
Assim, bem como o outro, à mais radiosa altura.
Deves sondá-la bem nesta
segunda fase.
Precisas para isso uma alma mais fecunda.
Precisas de sentir a artística loucura...
( Cruz e Sousa - 'Biografia'
- 1861/1898 )
09/Novembro/2004:
MEMORIAL DE CRISTO I
"
- Eu venho, 1977 -
(...) Na primeira parte da
caverna havia a manjedoura e palhas no chão; em cima, mais alguns
passos na rocha, e eles poderiam deitar-se e esperar o dia, para que
pai José se inscrevesse e obtivesse o lugar desejado. Mas enquanto
José dormia, na parte alta da gruta, Maria deslizava e, acendendo
um archote que haviam trazido, iluminava o pequeno cocho; tomou do chão
as palhas, cobriu-o e escorregou mansamente ao lado dele, o archote
iluminando seu rosto angustiado. Principiou a chorar baixinho. 'É
assim que tu vens, Senhor meu filho?'.
O tempo se havia cumprido.
Lá bem longe, o canto dos
pastores vindo ao vento, chamava uns aos outros. Então eu gritei
à Vida. Eu me havia separado da doçura e da bondade do
seio de minha mãe e gritava e chorava, uma criança ferida
pela aspereza de viver, porque o ar dói em nosso peito e começar
a vida será sempre, para todos os pequenos, também começar
a gritar, chorar muito diante do desconforto: as criancinhas logo sabem
de sua dor e de sua áspera condição. Eu gritava
todo o choro, eu clamava como clamam os bem pequeninos. Maria cuidava
de mim. Tirava de seu ombro o manto de linho, enrolava-me nele. 'E tu,
Belém Efrata?'.
( Dinah Silveira de Queiroz
- 'Biografia'
- 1911/1982 )
10/Novembro/2004:
COMPREENDENDO E PERDOANDO
"
Não maldigas o irmão
que o fez instrumento para a tua dor.
Com certeza, ele ainda não conhece a luz da verdade.
Ora por ele, pedindo a Deus que o ajude.
Assim como todos nós, ele é um enfermo espiritual,
sob os cuidados de Jesus.
Amanhã, quando o véu da ignorância cair e ele
enxergar a realidade, se converterá em irmão de jornada,
unindo-se à grande família universal.
Vale-te do amor para enfrentar
as provações de agora.
Ama e encontrarás a paz, mesmo em meio a tribulações.
Não desfaleças. Segue confiante em Deus,
amando e servindo, compreendendo e perdoando,
para que a tua libertação não tarde e a felicidade,
enfim, te coroe os esforços.
( Scheilla / Clayton B. Levy
- 'A
Mensagem do Dia' )
11/Novembro/2004:
CORRESPONDÊNCIAS
"
A natureza é um
templo onde vivos pilares
Podem deixar ouvir confusas vozes: e estas
Fazem o homem passar através de florestas
De símbolos que o vêem com olhos familiares.
Como os ecos do além confundem
os rumores
Na mais profunda e tenebrosa unidade,
Tão vasta como a noite e como a claridade
Harmonizam-se os sons, os perfumes e as cores.
Há perfumes frescos como
carnes de criança
Doces como oboés, ou verdes como as campinas.
E outros, corrompidos, mas ricos e triunfantes.
Que possuem a efusão das
coisas infinitas
Como o sândalo, o almíscar, o benjoim e o incenso,
Que cantam o êxtase, do espírito e dos sentidos.
( Charles Pierre Baudelaire
- 'Biografia'
- 1821/1867 )
12/Novembro/2004:
REUNINDO SALMOS "
Guarda-me, ó Deus,
faze-me, Senhor, conhecer os teus caminhos,
alivia-me das tribulações do coração,
ensina-me tuas veredas,
não te distancies de mim.
Sei que os justos herdarão
a terra,
porque a boca do justo profere sabedoria
e tu o fazes exultar de júbilo,
assim como me fazes ver caminhos de vida.
Mostra-me sempre, Senhor, mostra-me
maravilhas da tua bondade.
Tuas palavras são transparências,
como fortaleza de fé,
Luzes e cores da minha salvação.
Nas tuas mãos,
recebendo meus dias,
com a grandeza de tua bondade,
todos os dias te bendirei.
Senhor, em todo o tempo,
o louvor estará em meus lábios.
Procurarei a paz, buscá-la-ei
empenhado por alcançá-la.
Certificando-me sempre,
alegrando o coração,
exultando de espírito,
meu corpo repousará,
entoando-te hinos.
Entregarei meu caminhar,
salmodiando e cantando louvores.
É por isso que de manhã,
todas as manhãs,
apresento-te a minha oração... e fico esperando.
( Wanderlino Arruda - Biografia
- 1934/**** )
16/Novembro/2004:
TUDO PASSA "
És filho de Deus
e fazes parte da vida que pulsa no Universo.
Coloca tua mente acima das dores que te ferem o coração.
Se fatigado, descansa na prece, onde poderás haurir energias
novas.
Confia no Pai e segue para frente
sem medo.
No final, tudo passa, restando sempre as bênçãos
do Mais Alto,
que nos envolvem agora e por toda a imortalidade.
( Scheilla / Clayton B. Levy
- 'A
Mensagem do Dia' )
17/Novembro/2004:
SOSSEGUE CORAÇÃO
"
Sossegue coração
ainda não é agora
a confusão prossegue
sonhos afora
calma calma
logo mais a gente goza
perto do osso
a carne é mais gostosa
( Paulo Leminski - 'Biografia'
- 1944/1989 )
18/Novembro/2004:
DESTINO ESPIRITUAL "
A vida de cada pessoa é
como um rio correndo para Deus.
No mundo, encontrarás quem te fira com os calhaus da ingratidão.
Outros tentarão turvar as águas dos teus pensamentos,
lançando nelas idéias poluentes.
Por vezes, as dificuldades te
apertarão o leito da existência,
fazendo surgir as ondas da insegurança.
De outras vezes, depararás
com as pedras do desânimo,
tentando barrar-te o curso.
Em todas as situações,
porém, continua seguindo,
animado pela correnteza da confiança.
Tudo passará e nenhum obstáculo
conseguirá impedir
que deságües no oceano do amor total,
onde encontrarás a razão do teu destino espiritual.
( Scheilla / Clayton B. Levy
- 'A
Mensagem do Dia' )
19/Novembro/2004:
CANTAR DE PASSARINHOS
"
É uma sensação
de alívio imensamente feliz,
a certeza de estar vivendo,
num mundo feito por Deus,
um mundo natural, que ainda existe,
mesmo quando não podemos ver
o vizinho do outro lado.
Gosto do cantar dos passarinhos,
bem entendido, dos passarinhos livres,
que podem voar e sobrevoar,
aqui, ali, em toda parte
onde se sintam bem,
donos do ar, do vento, do céu.
Um trinado de passarinhos
faz de uma manhã a sedução,
mais do que humana, quase divina,
azul, celestial, solo de claridade.
Canto de passarinho não
tem só música:
tem luz, tem movimento,
tem cor, tem brilho,
diria mesmo que é perfumado,
de cheiros silvestres do meu sertão.
( Wanderlino Arruda - Biografia
- 1934/**** )
22/Novembro/2004:
SEMEAR ESPERANÇA
"
Eles existem aos milhões.
Habitam casebres e palácios.
Muitos ocultam-se sob o verniz de posições transitórias.
São os desesperados do mundo.
Você os encontrará
nas ruas,
no local de trabalho, em seu próprio lar.
Criaturas que se viram colhidas pela provação e
perderam o ânimo e o equilíbrio.
Este viu o afeto partir para o
Além,
sem compreender que a vida continua.
Aquele foi alcançado pela enfermidade de longo curso.
Outro se viu ante decepções e passou a desacreditar de
todos.
Diante deles, não critique nem questione. Ajude.
Ouça com interesse e auxilie com amor.
Cada espírito é
um campo a ser cultivado.
Semear esperança é dever de todo aquele
que já encontrou a luz da verdade.
Por certo, a Misericórdia
Divina sabe amparar os sofredores.
Entretanto, Jesus não dispensa a colaboração
de todos os aprendizes do bem,
para amenizar o sofrimento e recuperar
a esperança de quem chora.
( Scheilla / Clayton B. Levy
- 'A
Mensagem do Dia' )
23/Novembro/2004:
ENQUANTO HOUVER SAUDADE
"
Não posso acreditar,
Que algumas vezes
Não lembres com vontade de chorar,
Daqueles deliciosos quatro meses,
Vividos sem sentir e sem pensar.
Não posso acreditar,
Que hoje não sintas
Saudade dessa história singular,
Escrita com as mais suaves tintas
Que existem pra escrever o verbo amar.
Enquanto houver saudade
Pensarás em mim,
Pois a felicidade
Não se esquece assim.
O amor passa, mas deixa
Sempre a recordação,
De um beijo ou de uma queixa
No coração.
( Mário Lago / Custódio
Mesquita - 'Biografia'
- 1911/2002 )
24/Novembro/2004:
PIEDADE "
O coração
de todo o ser humano
Foi concebido para ter piedade,
Para olhar e sentir com caridade
Ficar mais doce o eterno desengano.
Para da vida em cada rude oceano
Arrojar, através da imensidade,
Tábuas de salvação, de suavidade,
De consolo e de afeto soberano.
Sim ! Que não ter um coração
profundo
É os olhos fechar à dor do mundo,
Ficar inútil nos amargos trilhos.
É como se o meu ser compadecido
Não tivesse um soluço comovido
Para sentir e para amar meus filhos !
( Cruz e Sousa - 'Biografia'
- 1862/1898 )
25/Novembro/2004:
NÃO DESISTAS
DO BEM "
Seja qual for a dificuldade,
persevera no Bem.
Fracasso é lição.
Dor é porta de acesso a esferas superiores.
Quem te agride não te conhece
por dentro.
Os que te desprezam, desconhecem tua essência.
Pensa no bem e esquece o mal.
Rompe as algemas que te atam ao
pessimismo.
Mentaliza o progresso e abraça a tarefa nobilitante.
O tempo tudo encaminha e a tudo corrige.
Entra no clima da prece sincera,
em cuja atmosfera ouvirás a voz do Mais Alto.
Segue para frente, confiando em Deus e em ti.
A felicidade do amanhã,
começa no pensamento que cultivares agora.
Abraça o ideal elevado, entregando-te ao bem possível.
No final, a vitória será sempre do amor.
( Scheilla / Clayton B. Levy
- 'A
Mensagem do Dia' )
26/Novembro/2004:
MURMÚRIO "
Traze-me um pouco das sombras
serenas
que as nuvens transportam por cima do dia !
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.
Traze-me um pouco da alvura dos
luares
que a noite sustenta no teu coração !
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.
Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor !
- Vê que nem te digo - esperança !
- Vê que nem sequer sonho - amor !
( Cecília Meireles -
'Biografia'
- 1901/1964 )
29/Novembro/2004:
NA AJUDA AOS ENFERMOS
"
Não se constrói
um edifício num só dia.
Antes de levantar a obra, é necessário que engenheiros
desenvolvam cálculos e medições.
Em seguida, operários capacitados se aplicam à execução
do projeto.
Só depois de os alicerces estarem firmes e as estruturas bem
equilibradas,
é que o prédio pode abrir suas portas.
Assim também na tarefa
de intercâmbio, particularmente a
dedicada à restauração da saúde física.
Natural que os companheiros envolvidos experimentem dúvidas e
hesitação.
Todavia, havendo o devido planejamento nas bases da
Doutrina dos Espíritos, o método se estabelece, garantindo
segurança e eficiência.
Evidente que em toda atividade
humana,
os participantes não estão livres de equívocos.
Entretanto, desde que a nossa vontade esteja conjugada
ao discernimento e ao estudo, a tarefa
transcorre sem grandes abalos.
Se a trajetória apresenta
desvios, voltemos ao
caminho adrede planejado e sigamos para frente.
Nem a pretensão da infalibilidade, nem o receio
de errar em demasia.
Guardemos o equilíbrio
em nossas ações e o Mais Alto,
que tutela todas as atividades a serviço do bem,
nos proverá de luz e orientação, a fim de que possamos
continuar servindo de maneira irrestrita,
à humanidade sofredora, nossa eterna irmã.
( Scheilla / Clayton B. Levy
- 'A
Mensagem do Dia' )
30/Novembro/2004:
OLHOS VERDES "
Eles verdes são:
E têm por usança
Na cor esperança
E nas obras não.
Camões, Rimas.
São uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos de verde-mar,
Quando o tempo vai bonança;
Uns olhos cor de esperança
Uns olhos por que morri;
Que, ai de mi !
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Como duas esmeraldas,
Iguais na forma e na cor,
Têm luz mais branda e mais forte.
Diz uma - vida, outra - morte;
Uma - loucura, outra - amor.
Mas, ai de mi !
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi !
São verdes da cor do prado,
Exprimem qualquer paixão,
Tão facilmente se inflamam,
Tão meigamente derramam
Fogo e luz do coração;
Mas, ai de mi !
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi !
São uns olhos verdes, verdes,
Que podem também brilhar;
Não são de um verde embaçado,
Mas verdes da cor do prado,
Mas verdes da cor do mar.
Mas, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi !
Como se lê num espelho
Pude ler nos olhos seus !
Os olhos mostram a alma,
Que as ondas postas em calma
Também refletem os céus;
Mas, ai de mi !
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi !
Dizei vós, ó meus
amigos
Se vos perguntam por mi,
Que eu vivo, só da lembrança
De uns olhos da cor da esperança,
De uns olhos verdes que vi !
Que, ai de mi !
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi !
Dizei vós: Triste do bardo
!
Deixou-se de amor finar !
Viu uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos da cor do mar;
Eram verdes sem esp'rança,
Davam amor sem amar !
Dizei-o vós, meus amigos,
Que, ai de mi !
Não pertenço mais à vida
Depois que os vi !
( Cantos, 3a. ed., 1857. Segundo
Antônio Henriques Leal, amigo e primeiro biógrafo do Poeta,
foram estes versos escritos em 1848, inspirados por uma moça
do rio, com quem teve o Poeta um ligeiro namoro.)
( Gonçalves Dias - 'Antônio
Gonçalves Dias' - 1823/1864
)