03/Maiol/2004:
SANTOS
Nasci junto do porto, ouvindo
o barulho dos embarques.
Os pesados carretões de café
Sacudiam as ruas, faziam trepidar o meu berço.
Cresci junto do porto, vendo a azáfama dos embarques.
O apito triste dos cargueiros que partiam
Deixava longas ressonâncias na minha rua.
Brinquei de pegador entre os vagões
das docas.
Os grãos de café, perdidos no lajedo,
Eram pedrinhas que eu atirava noutros meninos.
As grades de ferro dos armazéns, fechados à noite,
Faziam sonhar (tantas mercadorias!)
E me ensinavam a poesia do comércio.
Sou bem teu filho, ó cidade
marítima,
Tenho no sangue o instinto da partida,
O amor dos estrangeiros e das nações.
Ah, não me esqueças nunca, ó cidade marítima,
Que eu te trago comigo por todos os climas
E o cheiro do café me dá tua presença.
( Ribeiro Couto - Soc.
Poetas Mortos - 1898/1963 )
04/Maiol/2004:
AO LUAR
Os santos óleos,
do alto, o luar derrama...
Eu, pecador, ao claro luar ungido,
Sonho: e sonhando rezo comovido
E arrebatado na divina chama.
Deus piedoso, consolo do oprimido,
Se compadece, à voz que ardente clama,
Porque meu coração, impura lama,
É um brado intenso para os céus erguido!
E o divino perdão desce
da altura:
Grande lírios alvíssimos florescem
Sob a lua, floresce a formosura...
E nesse florescência, imaculados
Raios longos do luar piedoso descem,
Choram, comigo sobre os meus pecados.
( Rodrigues de Abreu - Soc.
Poetas Mortos - 1897/1927 )
05/Maiol/2004:
IRREMEDIAVELMENTE
Irremediavelmente terei,
noite adentro,
um choro convulsivo,
uma sessão inesquecível de música,
a lembrança de meu pai parar o carro
para que eu catasse cristais
na beira da estrada.
O inventário das coisas,
como aprendi com Adélia.
Uma língua de amor desaparecida:
pupi, réc réc, bobi.
A impressão de escrever
como uma velha mulher
aguardando encerrar um poema assim:
retornar ao comum me enternece.
( Rollo de Resende - Soc.
Poetas Mortos - 1965/1995 )
Nossos agradecimentos à Marilia Kubota, amiga do poeta, que nos
informou as datas de nascimento e morte, em Nov/2007!!!
06/Maiol/2004:
O CÁLICE DO POETA
Não me perguntes
nunca pela Rosa.
Desvanecido está teu sonho e já não volta
a desprender o firmamento de sua rota.
Que importa se fomos ou vamos indo?
Quem haverá de interrogar-nos o sorriso?
Eles não sabem - não - do trigo tornado espuma
nem do arame convertido em súplica.
Estamos na margem de outro mundo
e vamos multiplicando pães velhos
Aquele mar vai espreguiçando-se
e o coração escava novos sóis.
Os poetas vamos recém anoitecendo
quando a alvorada chega outra vez.
Enfim, que nos importa o jardim ou a rosa
se na mão temos uma pétala tremendo?
Tu que tens a mão blindada de silêncio
não me perguntes nunca pela Rosa.
( Rubinstein Moreira - Soc.
Poetas Mortos - ****/++++ )
( Tradução: Rossyr Berny )
caso
saiba as datas de nascimento e morte do poeta, envie-nos!!!
07/Maiol/2004:
OFERTA DE AMOR
MÃEZINHA,
Enquanto o mundo te adorna a presença
com legendas sublimes, abrilhantando-te o nome, quis trazer-te a homenagem
de meu reconhecimento e de meu carinho, segundo as dimensões
de tua bondade, e te rememorei os sacrifícios...
Revi, Mãezinha, as tuas
noites longas, junto de mim, quando a febre me atormentava no berço.
Anjo transformado em mulher, erguias as mãos para o Céu
e o que falavas com Deus me caia no rosto em forma de lágrimas!...
Tornei a encontrar-te os braços acolhedores, festejando-me o
retorno à saúde, com a doçura de teus beijos.
E, vida em fora, o pensamento
recuou para lembrar-te...
Com a retina da memória,
contemplei-te os lábios pacientes, ensinando-me a pronunciar
as preces da infância: e nesses lábios inesquecíveis,
fitei os sorrisos de júbilo, quando me deste os primeiros livros
da escola.
Depois, acompanhei-te, passo a
passo, o calvário de renúncia em que me levantaste para
a vida.
Quantas vezes me abraçaste,
trocando bênçãos por aflições, não
conseguiria contar... Quantas vezes te ocultaste no sofrimento para
que a alegria não me fugisse, realmente, não sei...
Passou o tempo e, hoje, de alma
enternecida, anseio debalde surpreender as palavras com que algo te
venha a dizer de meu agradecimento; entretanto, eu que desejaria medir
o meu preito de afeto pelo tamanho de teu devotamento, posso apenas
calcular a extensão de meu débito para contigo, a repetir
que te amo e que em ti possuo o meu tesouro do Céu.
Perdoa, Mãezinha, se nada
tenho para dedicar-te, senão as pérolas do meu pranto
de gratidão, iluminadas pelas orações que endereço
a Deus por tua felicidade. E, se te posso entregar algo mais, deixa
que te oferte o meu próprio coração, neste livro
de ternura, por dádiva singela de minha confiança e carinho,
num ramalhete de amor.
( Meimei / Chico Xavier - MÃE
- 1922/1946 )
( Irma de Castro
Rocha )
10/Maiol/2004:
A ÁTIS
Não minto: eu me
queria morta.
Deixava-me, desfeita em lágrimas:
'Mas, ah, que triste a nossa sina!
Eu vou contra a vontade, juro,
Safo'. 'Seja Feliz', eu disse,
E lembre-se de quanto a quero.
Ou já esqueceu? Pois vou
lembrar-lhe
Os nossos momentos de amor.
Quantas grinaldas, no seu colo,
- Rossas, violetas, açafrão -
Trançamos juntas! Multiflores
Colares atei para o tenro
Pescoço de Átis; os perfumes
Nos cabelos, os óleos raros
Da sua pele em minha pele!
[...]
Cama macia, o amor nascia
De sua beleza, e eu matava
a sua sede
[...]
Cai a lua, caem as Plêiades
e
É meia-noite, o tempo passa e
Eu só, aqui deitada, desejante.
- Adolescência, adolescência,
Você se vai, aonde vai?
Você se vai, aonde vai?
- Não volto mais para você,
Para você volto mais não.
( Safo - Poetisa
Grega - Ilha de Lesbos - 630 A.C.
)
( Tradução: Décio Pignatari )
11/Maiol/2004:
COM AS MASSAS
Com as massas tudo.
Sem as massas nada.
Ou amassa tudo
Ou não amassa nada.
( Samaral - Urbana
- poema fanzine - ****/1998 )
Se souber a data de nascimento do poeta,
CLICK
AQUI e nos envie !!!
12/Maiol/2004:
SOCORREI-ME, SENHOR...
Socorrei-me, Senhor! Quebrai
piedoso
minhas algemas, cheias de dureza!
Se meu crime provém da natureza,
quem de ser deixará réu, criminoso?
Davi, que foi tão rico
e venturoso,
por Betsabé caiu na vil fraqueza;
Sansão, perdendo o brio e a fortaleza,
ao orbe deu exemplo lastimoso.
Vede Jacó, retido em cativeiro
pela gentil Raquel; vede Susana;
vede afinal, Senhor, o mundo inteiro!
Desculpa tenho na paixão insana:
que ou mandasse-me o céu o ser primeiro,
ou fizesse de ferro a carne humana.
( Santa Rita Bastos - Soc.
Poetas Mortos - 1785/1846 )
13/Maiol/2004:
CÂNTICO DAS CRIATURAS
Louvado seja Deus pela
Natureza,
Mãe gloriosa e beladona da Beleza,
E com todas as suas criaturas;
Pelo irmão Sol, o mais bondoso
E glorioso irmão pelas alturas,
O verdadeiro, o belo, que ilumina
Criando a pura glória - a luz do dia!
Louvado seja pelas irmãs
Estrelas,
Pela irmã Lua que derrama o luar,
Belas, claras irmãs silenciosas
E luminosas, suspensas no ar.
Louvado seja pela irmã
Nuvem que há de
Dar-nos a fina chuva que consola;
Pelo Céu azul e pela Tempestade;
Pelo irmão Vento, que rebrama e rola.
Louvado seja pela preciosa,
Bondosa água, irmã útil e bela,
Que brota humilde. É casta e se oferece
A todo o que apetece o gosto dela.
Louvado seja pela maravilha
Que rebrilha no Lume, o irmão ardente,
Tão forte, que amanhece a noite escura,
E tão amável, que alumia a gente.
Louvado seja pelos seus amores,
Pela irmã madre Terra e seus primores,
Que nos ampara e oferta seus produtos,
Árvores, frutos, ervas, pão e flores.
Louvado seja pelos que passaram
Os tormentos do mundo, dolorosos,
E, contentes, sorrindo, perdoaram;
Pela alegria dos que trabalham,
Pela morte serena dos bondosos.
Louvado seja Deus na mãe
querida,
A natureza que fez bela e forte:
Louvado seja pela irmã Vida
Louvado seja pela irmã Morte.
( São Francisco de Assis
- Giovanni
Bernardone - 1181/1226 )
14/Maiol/2004:
JOGOS PERIGOSOS
Para chegares à
torre
escalarás abismos,
serás o bispo de sal das caravelas,
brindarás o rei numa ampulheta,
consolarás a rainha
no leito dos incestos,
ceifarás os peões pela raiz
com a lança de teus corcéis,
e se chegares ao topo,
verás que a torre é mera astúcia
de um jogo de espelhos,
frio e milenar.
( Sérgio Campos - Soc.
Poetas Mortos - 1941/1994 )
17/Maiol/2004:
HETAIRAS
Vós envolveis o
corpo nas roupagens
mais finas, elegantes, caprichosas;
vedes passar, alegres, voluptuosas,
do amor fidalgo as lúbricas imagens.
Adormeceis nas flácidas
carruagens,
murchais no seio as pudibundas rosas,
e queimais essas bocas sequiosas
nas bocas feminis dos louros pagens.
Tendes tudo: os teatros, a riqueza,
as noites de delírio e morbideza,
todas as tentações, todos os brilhos!
E só não tendes
nas estéreis pomas,
ó Vênus das esplêndidas Sodomas,
uma gota de leite para os filhos!
( Souza Viterbo - Soc.
Poetas Mortos - 1847/1871 )
18/Maiol/2004:
LIMITE
A mulher está perfeita
Seu corpo
Morto, enverga o sorriso de completude,
A ilusão de necessidade
Grega voga pelos veios da sua
toga,
Seus pés
Nus, parecem dizer:
Já caminhamos tanto, acabou.
Cada criança morta, enrodilhada,
cobra branca,
Uma para cada pequena
Tigela de leite vazia.
Ele recolheu-as todas
Em seu corpo, como pétalas
Da rosa que se encerra, quando o jardim
Enrija e aromas sangram
Da fenda doce, funda, da flor noturna.
A lua não tem porque estar
triste
Espectadora de touca
De osso; ela está acostumada.
Suas crateras trincam, fissura.
( Sylvia Plath - Soc.
Poetas Mortos - 1932/1963 )
- Tradução: Luiz Carlos de Brito Rezende -
19/Maiol/2004:
A UMA DAMA PRÓDIGA
DE FAVORES
Se assim, formosa Helena,
como és sol,
não deras tantas mostras de ser lua,
não te tivera o mundo por comua,
nem quem tanto te quer por caracol.
Olha que já te traz a fama
o rol
por ser a tua grandeza a todos nua,
e pode ser que ganhes sendo crua
não acudindo como peixe ao anzol.
Ai! muda, muda, Helena, muda as
modas,
e não sejas, oh! não! como é a corça,
que mais corre como a seta que a lastima.
Ama a quem te mais quer, e não
a todos,
que repartido o amor tem menos força,
e a coisa que é mais comum não se estima.
( Tomás de Noronha -
O
'Marcial de Alenquer' - ***/1651
)
20/Maiol/2004:
PESSOAL INTRANSFERÍVEL
Escute, meu chapa:
Um poeta não se faz com versos.
É o risco, é estar sempre a perigo sem medo,
É inventar o perigo e estar sempre recriando
dificuldades pelo menos maiores,
É destruir a linguagem e explodir com ela.
Nada no bolso e nas mãos.
Sabendo: perigoso, divino, maravilhoso.
Poetar é simples, como dois e dois são quatro,
Sei que a vida vale a pena etc.
Difícil é não correr como os versos debaixo do
braço.
Difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa.
Difícil, pra quem não é poeta, é não
trair sua poesia,
Que, pensando bem, não é nada,
Se você está sempre pronto a temer tudo;
Menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes.
E sair por aí,
Ainda por cima sorridente mestre de cerimônias,
"Herdeiro" da poesia dos que levaram a coisa até o
fim
e continuam levando, graças a Deus.
E fique sabendo:
Quem não se arrisca não pode berrar.
Citação: leve um homem e um boi ao matadouro.
O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o
boi.
Adeusão.
( Torquato Neto - Projeto
Releituras - 1944/1972 )
21/Maiol/2004:
MERETRÍCIA PROCACITAS
A hera, se com seus nós
a qualquer árvore abraça,
rouba-lhe a verdura e graça
que a primavera lhe pôs.
Cai a flor com que se arreia;
toda a sua glória perde;
a hera só fica verde
à custa da perda alheia.
Esta condição esquiva
tem a pouco esquiva dama,
que àquele que a serve e ama
da vida e honra se priva.
( Vasco Mouzinho de Quevedo
- Projeto
Versial - 15??/16?? )
24/Maiol/2004:
SONETO DE DEVOÇÃO
Essa mulher que se arremessa,
fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.
Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.
Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.
Essa mulher é um mundo
- uma cadela
Talvez... - mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!
( Vinicius de Moraes - "O
Poetinha" - 1913/1980 )
25/Maiol/2004:
MEDITAÇÃO
Vai indo a madrugada
Novo dia, nova aurora
Pássaros cantando
O Sol despontando
A alegria se espalha
Uma prece sentida
Um choro de criança
Um afago de mãe
Uma brisa que passa.
Uma esperança que se renova
Um convite ao trabalho
Na bigorna ou no malho
Na charrua, na enxada
Enquanto a passarada canta
O coração pulsa forte
Ama a Vida, foge a morte
Canta o campônio alvissareiro
Enfrenta a luta o caminheiro
Na ânsia de vencer e amar.
Passa o vento, passa a nuvem
Vai o Sol para o poente
A tarde vem caindo
O dia se findando
O homem vai descansar
A mãe volta a cismar
Vem a chuva, molha o solo
Vem a noite, recolhem-se os pássaros
A mãe retorna ao canto
Afaga a criança ninando-a com ternura.
Enquanto a noite cai
Na natureza tudo é silêncio
A brisa é mansa agora
Os homens se recolhem
Entregam-se ao merecido descanso
Renovam-se as forças
Novo dia vai chegar
Nova faina a enfrentar.
Por quê Senhor, tudo isto?
O dia vai, a noite vem
No silêncio uma voz ecoa
A natureza em silêncio fala
Homem, tudo é teu
Faze o lume no caminho
Segue, trabalha, luta
A recompensa vai chegar.
A natureza é pródiga
O Sol é Vida
O pássaro é alegria
A flor é beleza
O trabalho é bênção
A brisa é bálsamo suavizante
A noite é mãe carinhosa
Que embala e faz dormir.
Home, trabalha
Descansa
Sorri, caminha
AMA e SÊ FELIZ !
( Hugo Gonçalves - "O
Paizinho de Cambé - Abr/1990"
- 1913/**** )
26/Maiol/2004:
CUMPRIMENTO ALEGRE
Cumprimente a seus amigos
com alegria.
Muitas vezes, uma simples saudação
alegre e espontânea conquista um coração
e consola uma dor.
A saudação triste
e acabrunhada pode
instilar veneno num coração alegre.
Derrame alegria e bondade, ao encontrar
uma pessoa conhecida, e já terá conquistado
os benefícios de uma ação meritória.
Que seus amigos sintam o calor
de seu coração afetuoso,
no simples cumprimento alegre.
( Torres Pastorinho - "Minutos
de Sabedoria" - 1910/1980 )
27/Maiol/2004:
EM NOSSO AUXÍLIO
A cada manhã, enderecemos
a DEUS
o nosso reconhecimento pela bênção da vida.
Agradeçamos com alegria o privilégio de trabalhar.
Recorde que servir é o
nosso melhor investimento.
Observe com otimismo as dificuldades
que apareçam, interpretando-as por
lições necessárias.
Compreendamos que as Leis da Vida
estão funcionando nas ocorrências do
dia-a-dia e aceitemos as provações e as
adversidades com paciência.
Controle as próprias emoções,
de modo a falar sem ferir.
( Chico Xavier/André
Luiz - "Biografia"
- 1910/2002 )
28/Maiol/2004:
O CONSOLO
Visite os pobres e os enfermos.
Pelo menos uma vez por semana,
dedique algumas horas a consolar um coração aflito.
O consolo que você levar,
mesmo com o
sacrifício de sua parte, é a garantia de que
está cumprindo um dever cristão e de homem.
Não espere que o procurem
para agir fraternalmente,
amparando os fracos e confortando os tristes.
Nem pense que você está
dando mais do que recebe:
quem consola um coração triste,
na realidade, recebe muito mais do que dá.
( Torres Pastorinho - "Minutos
de Sabedoria" - 1910/1980 )
31/Maiol/2004:
A VERDADEIRA PRECE
Eleve seu coração
em prece!
Mas evite recitar fórmulas lidas ou decoradas.
Que, de seu coração,
partam as palavras espontâneas,
como você faz quando conversa com um amigo querido.
Prece não é obrigação
que alguém desempenhe para ver-se livre de um peso.
Ore, fervorosamente, mas sentindo as palavras que profiras,
para que a ligação com as Entidades Angélicas seja
efetiva e real.
Faça da oração
um hábito, indispensável à saúde espiritual.
( Torres Pastorinho - "Minutos
de Sabedoria" - 1910/1980 )