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MARÇO
de 2004 |
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01/Março/2004:
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Discurso na Faculdade de Direito de São Paulo, em 1920 " "(...) Ponho exemplo, senhores. Nada se leva em menos conta, na judicatura, a uma boa-fé de ofício que o vezo de tardança nos despachos e sentenças. Os códigos se cansam debalde em o punir. Mas a geral habitualidade e a conivência geral o entretêm, inocentam e universalizam. Destarte se incrementa e desmanda ele em proporções incalculáveis, chegando as causas a contar a idade por lustros, ou décadas, em vez de anos. Mas justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta. Porque a dilação ilegal nas mãos do julgador contraria o direito das partes, e, assim, as lesa no patrimônio, honra e liberdade. Os juízes tardinheiros são culpados, que a lassidão comum vai tolerando. Mas sua culpa tresdobra com a terrível agravante de que o lesado não tem meio de reagir contra o delinqüente poderoso, em cujas mãos jaz a sorte do litígio pendente Nas sejais, pois, desses magistrados, nas mãos de quem os autos penam como as almas do purgatório, ou arrastam sonos esquecidos como as preguiças do mato. Não vos pareçais com esses outros juízes, que, com tabuleta de escrupulosos, imaginam em risco a sua boa fama, se não evitarem o contato dos pleiteantes, recebendo-os com má sombra, em lugar de os ouvir a todos com desprevenção, doçura e serenidade. Não imiteis os que, em se lhes oferecendo o mais leve pretexto, a si mesmos põem suspeições rebuscadas, para esquivar responsabilidades, que seria do seu dever arrostar sem quebra de ânimo ou de confiança no prestígio dos seus cargos. Não sigais os que argumentam com o grave das acusações, para se armarem de suspeita e execração contra os acusados; como se, pelo contrário, quanto mais odiosa a acusação, não houvesse o juiz de se precaver mais contra os acusadores, e menos perder de vista a presunção de inocência, comum a todos os réus, enquanto não liquidada a prova e reconhecido o delito. Não acompanheis os que, no pretório, ou no júri, se convertem de julgadores em verdugos, torturando o réu com severidades inoportunas, descabidas, ou indecentes; como se todos os acusados não tivessem direito à proteção dos seus juízes, e a lei processual, em todo o mundo civilizado, não houvesse por sagrado o homem, sobre quem recai acusação ainda inverificada. Não estejais com os que agravam o rigor das leis, para se acreditar com o nome de austeros e ilibados. Porque não há nada menos nobre e aplausível que agenciar uma reputação malignamente obtida em prejuízo da verdadeira inteligência dos textos legais. Não julgueis por considerações de pessoas, ou pelas do valor das quantias litigadas, negando as somas, que se pleiteiam, em razão da sua grandeza, ou escolhendo, entre as partes na lide, segundo a situação social delas, seu poderio, opulência e conspicuidade. Porque quanto mais armados estão de tais armas os poderosos, mais inclinados é de recear que sejam à extorsão contra os menos ajudados da fortuna; e, por outro lado, quanto maiores são os valores demandados e maior, portanto, a lesão argüida, mais grave iniqüidade será negar a reparação, que se demanda. Não vos mistureis com os togados, que contraíram a doença de achar sempre razão ao Estado, ao Governo, à Fazenda; por onde os condecora o povo com o título de "fazendeiros". Essa presunção de terem, de ordinário, razão contra o resto do mundo, nenhuma lei a reconhece à Fazenda, ao Governo, ou ao Estado. Antes, se admissível fosse aí qualquer presunção, havia de ser em sentido contrário; pois essas entidades são as mais irresponsáveis, as que mais abundam em meios de corromper , as que exercem as perseguições, administrativas, políticas e policiais, as que, demitindo funcionários indemissíveis, rasgando contratos solenes, consumando lesões de toda a ordem (por não serem os perpetradores de tais atentados os que os pagam), acumulam, continuamente, sobre o tesouro público terríveis responsabilidades. ( Ruy Barbosa - 1849/1923 ) 02/Março/2004:
OS GRILOS
Meu filho caçou um grilo e vem trazê-lo a mim Muitos grilos cantavam entre
os pastos da ribanceira ( Juana de Ibarbourou - Juana
Fernández Morales - 1895/1979 ) 03/Março/2004:
BEM NO FUNDO No fundo, no fundo, A partir desta data, Extinto por lei todo o remorso, Mas os problemas não
se resolvem, ( Paulo Leminski - Soc. Poetas Mortos - 1944/1989 ) 04/Março/2004:
A VIDA É QUE NOS VIVE A vida humana Nós a vivemos inconscientemente, ( Lou Andreas-Salomé - Soc. Poetas Mortos - 1861/1937 ) 05/Março/2004:
SER OU NÃO SER DE NINGUÉM? Na
hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, levanta os braços,
sorri e dispara: 'eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e
todo mundo é meu também'. No entanto, passado o efeito
do uísque com energético e dos beijos descompromissados,
os adeptos da geração "tribalista" se dirigem
aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do
amigo mais próximo para reclamar de solidão, ausência
de interesse das pessoas, descaso e rejeição. A maioria
não quer ser de ninguém, mas quer que alguém
seja seu. ( Mônica Montone -
Clube
Cultural - 1980/---) 08/Março/2004:
SONHOS DE MENINA A
flor com que a menina sonha Sonho O vento sozinho De que tamanho A vizinha Na lua há um ninho A lua com que a menina sonha ( Cecília Meireles - Jornal de Poesia - 1901/1964 ) 09/Março/2004:
SONETO 1042 Amor,
que o gesto humano n'alma escreve, A vista que em si mesma não
se atreve, Jura amor que brandura de vontade Olhai como amor gera num momento ( Luis de Camões - Instituto Camões - 1524/1580 ) 10/Março/2004:
TEMPO NOVO Há um Novo Tempo Todos sabem O importante é persistir Avancemos seguros Pois a história não
se volta ( Luis Eurico Tejera Lisboa - Morto pelo Regime Militar - 1944/1972 ) 11/Março/2004:
FUNERAL DE UM LAVRADOR Assiste ao enterro de
um lavrador - Tua roupa melhor ( João Cabral de Melo Neto - Morte e Vida Severina - 1920/1999 ) 12/Março/2004:
O MESTRE E AS FLORES Havia um homem muito especial, que era seguido por multidões. Ele viveu há cerca de dois mil anos e, sem derramar uma gota do sangue de qualquer pessoa, mudou o mundo. Qual é o seu nome ? É desnecessário dizer... A história é contada antes e depois dele. Ele conquistou o coração das pessoas e transformou sua maneira de pensar. Se você quiser ajudar alguém, não o controle, primeiro conquiste o seu interior e depois o ensine a pensar! Na época em que ele viveu, o egoísmo e o individualismo faziam parte da rotina das pessoas. Cada um procurava apenas os seus próprios interesses. O amor estava sufocado esquecido. A tolerância e o perdão eram jóias raras, difíceis de serem encontradas. Ele não teve privilégios sociais. Nasceu entre os animais. Foi perseguido aos dois anos de idade. Não lhe deram a chance de brincar. Na adolescência foi um carpinteiro. Construía objetos de madeira e telhados. Carregava pesadas toras. Tinha calos e bolhas nas mãos, mas não reclamava. Trabalhou com o martelo, pregos e madeira. Vejam isso: trabalhou com as mesmas ferramentas que um dia o destruíram. Ele não freqüentou
os bancos de uma escola, mas freqüentou a escola da vida. Nessa
escola, ele aprendeu a enfrentar o preconceito, o medo e as fragilidades
humanas. Foi um grande aluno, por isso tornou-se um grande mestre.
Enquanto entalhava a madeira, analisava o coração das
pessoas e percebia cada uma das suas dificuldades .... ( Dr. Augusto Jorge Cury
- Biografia
- 1958/*** ) 15/Março/2004:
O MESTRE E AS FLORES ... Com trinta anos de idade, resolveu revelar seus pensamentos. Era de se esperar que ele fosse uma pessoa agressiva, ansiosa e infeliz, pois atravessou muitas dificuldades, desde a infância, mas revelou-se gentil, tranqüilo e feliz. Ele não usava lousa e giz, mas era tão inteligente que as pessoas paravam tudo o que faziam para ouvi-lo. O mestre da escola da vida falava com poesia. Suas palavras colocavam combustível no ânimo das pessoas, reacendiam sua esperança. Era sociável, gostava de festas e jantares. Todos queriam dar um jeito de ficar ao seu lado. Era um fantástico contador de histórias. Sua mente era muito criativa. Sua imaginação, fértil como as terras às margens do Nilo. Contava histórias tão interessantes que as crianças e os jovens não piscavam os olhos ao escutá-las. Certa vez, algumas crianças queriam se aproximar dele para ouvi-lo, mas os seus amigos íntimos as impediram. Os seus amigos não o compreendiam, por isso, freqüentemente o atrapalhavam. Dessa vez, ele lhes deu uma grande lição: tomou as crianças nos seus braços, acariciou-as e, após essa atitude, olhou para seus discípulos e atacou as suas mentes limitadas. Disse-lhes: 'Se vocês não forem simples como essas crianças, não entrarão no meu reino'. Para o mestre, na escola da vida não havia diplomas, todos deviam se comportar como alunos. Ninguém poderia entender suas mensagens se não se comportasse como uma pequena criança. Por quê ? Porque uma criança é uma esponja que absorve tudo no meio ambiente. A infância é a melhor fase para se aprender. Perder a capacidade de aprender é um desastre. O orgulho, os preconceitos e a auto-suficiência destroem essa capacidade. Uma das maiores lições
que ele queria que todos aprendessem é a não discriminar
qualquer ser humano. Ele valorizou os deficientes, os cegos, os paralíticos
e os que viviam à margem da sociedade. Os leprosos eram pessoas
deformadas, cheias de úlceras. Alguns exalavam um odor desagradável,
pois não havia tratamento na época. Eles estavam doentes
no corpo e solitários na alma. Todos os rejeitavam, dos amigos
aos familiares. Todavia, para a nossa surpresa, esse mestre fez deles
seus íntimos companheiros... ( Dr. Augusto Jorge Cury
- Biografia
- 1958/*** ) 16/Março/2004:
O MESTRE E AS FLORES ... Alguns dias antes de morrer, ele estava na casa de um homem. Lá ninguém tinha coragem de entrar: na casa de um leproso chamado Simão. O mestre dos mestres teve longas conversas com ele. Sentou-se à mesa e comeu da sua comida. Simão não podia acreditar que alguém tão famoso pudesse dar tanta importância para si. De fato, ele gastou os momentos mais importantes de sua vida com as pessoas menos importantes da sociedade. Viveu os patamares mais altos da inteligência emocional. Sua inteligência deixava
os homens pasmados. Ele não buscava ser um líder político
ou religioso, ele apenas queria conquistar o amor do homem! Por isso,
diferente de alguns líderes políticos e religiosos da
atualidade, ele não controlava ninguém. Não obrigava
ninguém a segui-lo. Não os pressionava com milagres
ou com sua eloqüência. Ele só aceitava seguidores
se eles aprendessem o alfabeto do amor: você conhece esse alfabeto? ( Dr. Augusto Jorge Cury - Biografia - 1958/*** ) 17/Março/2004:
O MESTRE E AS FLORES ... Embora fosse muito poderoso, ele preferia ser reconhecido como o mestre da sensibilidade. O que é ter sensibilidade? É valorizar as pequenas coisas e fazer delas um espetáculo aos nossos olhos. Quando alguém está no auge da fama, freqüentemente se preocupa com os aplausos das multidões, com os autógrafos, com os shows e discursos. Mas ele era diferente dos famosos da atualidade. Não se preocupava com os aplausos, preferia dar uma atenção especial às pequenas coisas. As multidões o espremiam, todos queriam fazê-lo rei. De repente, ele parou de caminhar e silenciou-se. As pessoas acharam que ele ia fazer mais um discurso vibrante. Mas, ao invés disso, teve um gesto surpreendente. Ele foi em direção a algumas flores. Olhou atentamente para elas e começou a admirá-las profundamente. Ninguém entendeu nada. Para o espanto de todos, após admirá-las, falou com voz delicada e firme: 'Olhai os lírios dos campos. Eles não tecem uma roupa, mas nem o rei Salomão se vestiu como um deles.' Todos ficaram calados. Sabiam
que o rei Salomão, que havia vivido há muitos séculos,
era poderoso e tinha centenas de pessoas que o serviam. Suas vestes
reais eram tecidas com fios de ouro. Elas se perguntavam: 'Como pequenos
lírios podem ser mais belos do que as vestes desse grande rei?'
( Dr. Augusto Jorge Cury - Biografia - 1958/*** ) 18/Março/2004:
O MESTRE E AS FLORES ... Aos olhos do mestre da sensibilidade aquelas pequenas flores a quem ninguém dava importância, que cresciam nos campos sem ninguém cultivar, eram mais belas que as vestes de um grande rei. Para ele, as pequenas coisas eram tanto ou mais importantes do que as grandes. Os lírios representam tudo aquilo que parece pequeno, mas que é tão importante para a nossa vida. Sua vida tem tido lírios? Você tem dado valor às pequenas coisas ao seu redor? Tem feito de um pequeno diálogo com seus amigos um espetáculo aos seus olhos? Você tem tido o prazer de conhecer o mundo dos seus professores, descobrir suas aventuras, suas vitórias, suas derrotas? Você tem tido o prazer de conversar com seus pais sobre o passado deles? Será que vocês não estão próximos fisicamente e distantes interiormente? Você precisa de lírios na sua vida. Converse com seus pais, pergunte sobre os momentos mais tristes e os mais alegres de suas vidas. Mesmo um pai rígido e agressivo tem ouro dentro da rocha da sua emoção. Saia do superficialismo. Converse com seus amigos sobre
seus sonhos, suas metas, suas frustrações. Um grande
amigo vale mais do que uma grande fortuna. Critique menos e elogie
mais. Elogie seus pais, seus irmãos, seus colegas. O elogio
cultiva os lírios do coração. ( Dr. Augusto Jorge Cury - Biografia - 1958/*** ) 19/Março/2004:
O MESTRE E AS FLORES ... Na escola da vida devemos dar importância vital ás pequenas coisas. Por exemplo, raramente as pessoas gastam tempo observando as borboletas. Parece que elas não têm importância alguma. Mas você sabia que quanto mais espécies de borboletas existirem num certo ambiente, mais preservado ele estará? Foram encontradas 250 espécies
diferentes de borboletas em áreas arborizadas da cidade de
São Paulo. Parece muito, mas não é. A poluição
de São Paulo destruiu cerca de 500 espécies. Se o ambiente
fosse puro, o número de espécies encontradas estaria
em torno de 750. ( Dr. Augusto Jorge Cury
- Biografia
- 1958/*** ) 22/Março/2004:
O MESTRE E AS FLORES ... As borboletas são as dançarinas do ar. Elas procuram o néctar das flores, o rico suprimento que as alimenta. Após sugá-lo, batem em retirada para outras flores, polinizando o jardim e facilitando a produção de mais plantas. Elas são tão pequenas, mas tão importantes! Infelizmente, são muito sensíveis à poluição. Se no ambiente que você freqüenta não encontrar alegres borboletas dançando no ar, saiba que o ar que você respira é ruim e sua qualidade de vida está afetada. Você tem o direito de respirar um ar puro. Não se cale, reclame dele para as secretarias das prefeituras. Quantas espécies de borboletas
você tem visto na região onde mora? Talvez você
tenha tempo para assistir à TV e ver filmes que trazem cenas
de violência, mas não tem alguns segundos para admirar
as pequenas coisas que o circundam ... ( Dr. Augusto Jorge Cury
- Biografia
- 1958/*** ) 23/Março/2004:
O MESTRE E AS FLORES ... Gaste tempo com aquilo que gera um prazer saudável. Há homens milionários que constroem palácios e imensos jardins, mas não têm tempo para admirar suas flores. São ricos financeiramente, mas miseráveis no território da emoção. Seja rico dentro de você, no único lugar onde não é admissível ser pobre. Os discípulos do mestre da sensibilidade estavam preocupados com seus milagres, com posição social e poder político. Mas ele mostrou que o maior milagre é aquele que se esconde nas pequenas coisas. Não se esqueça
das pequenas coisas. Elas escondem os segredos da FELICIDADE ... ( Dr. Augusto Jorge Cury
- Biografia
- 1958/*** ) 24/Março/2004:
O MESTRE E AS FLORES Parece que alguns jovens são imutáveis. Quebram a cara, mas não mudam. Tropeçam cem vezes, mas ainda andam pelo mesmo caminho. São mestres da teimosia. Dão sempre as mesmas
respostas para os mesmos problemas. Não conseguem questionar
as suas opiniões. Não abrem as janelas de suas mentes
para ver o mundo de outra maneira. Por quê? Um dos motivos é o excesso de informação não trabalhada. Ter muitas informações, mas pensar pouco, não é muito útil. Consumir informações é bom, idéias é melhor. Não engula o que os outros dizem a você. Seja crítico! Debata as idéias em sala de aula e nos ambientes sociais. Acredite! O caminho para expandir
a inteligência é transformar as informações
em conhecimento e o conhecimento em experiência. E aí
garoto(a)? Quer fazer diferença? Ande nesse caminho!
(Dica do Prof. Estressildo) ( Dr. Augusto Jorge Cury - Biografia - 1958/*** ) 25/Março/2004:
OS CAMINHOS DA COMPREENSÃO MUNDIAL A compreensão como um instrumento para o entendimento é uma atitude plural, mútua, que tem sua origem, no entanto, na compreensão que temos de nós mesmos. Só no respeito às diferenças é que podemos construir comportamentos, estabelecer planos e mudar atitudes - as nossas e as dos outros. Compreender o outro não é sinônimo de nos anular. Divergir é um direito de cada um, seja na relação entre pai e filho, entre jovem e adulto, homem e mulher, ou nas relações entre empregado e empregador, administrador e servidor, ou naquelas em que repartimos nossos ideais. A respeito disso, assim se expressou Paul Harris: 'Seria demais esperar que todos se entendessem perfeitamente... Os homens não têm pensamentos idênticos, assim como tampouco têm feições idênticas ... A crença de uma pessoa é influenciada por diversos fatores - temperamento, hereditariedade, contexto, experiência - e os líderes devem balancear seu julgamento com paciência e indulgência. Um Rotary dogmático será incapaz de servir'. Aí temos, portanto, os Rotary Clubs como um grande laboratório para o crescimento individual e das relações interpessoais. Atitudes agressivas, que não precisam ser necessariamente físicas, acontecem, infelizmente, nessas relações - e em nada contribuem para o bem-estar de quem as pratica, com prejuízos, às vezes fatais, para o próprio grupo. Há que se entender a importância de cada atitude pessoal como um fator que facilite a harmonia e a construção de um grupo. Essa tem sido a estratégia de servir do Rotary, em benefício de cada comunidade: harmonizando as diferenças nos clubes e prestando serviços na quantidade e na qualidade necessárias. São essas necessidades não resolvidas -e às quais todo ser humano tem direito - que geram os grandes conflitos. Compreendê-las e agir a partir desse entendimento são as obrigações de cada cidadão como uma contribuição em favor da paz local. ( Adelia A. Villas - EGD4570
- Rotary Club Rio de Janeiro-Guanabara
) 26/Março/2004:
OS CAMINHOS DA COMPREENSÃO MUNDIAL Mahatma Gandhi, um exemplo de liderança, mostrou ao mundo como mudar o curso da história de toda uma nação através de métodos humildes e não-violentos. Ele externou e praticou essas ações reunindo-as em quatro pontos fundamentais: a vida cotidiana de cada ser humano, com o conhecimento de suas necessidades, valores e aspirações; a importância da cooperação, já que todo ser humano é interdependente; a prática da não-violência, não importando o quanto de provocação e agressão se apresentem; e a fé, como fator de engrandecimento e realização de vida. Todos esses valores, assim entendidos e vividos, são fatores para o alcance da paz. Descrito como um líder sem o dom da oratória, Gandhi conquistou a todos por seu exemplo e por sua coerência entre ação e discurso. Sobre os pontos fundamentais para se conseguir a paz assim ele se expressou: 'De
que vale a fé se não for convertida em ação?' Gandhi exemplificava essa máxima com uma experiência vivida por ele na África do Sul, com o general Boër Smuts, seu oponente e crítico, e que acabou tornando-se um dileto amigo do líder indiano. 'O teste maior da não-violência está no fato de não ficar qualquer rancor depois de um conflito não-violento, com os inimigos convertendo-se em amigos'. As dimensões desses dois grandes homens, Paul Harris e Gandhi, contemporâneos e semelhantes nas suas lições de vida, são para nós a certeza da importância do nosso papel de rotarianos em relação à humanidade. Segundo Martin Luther King: 'Gandhi viveu, pensou e agiu inspirado pela visão da humanidade evoluindo para um mundo de paz e harmonia'. Nós, rotarianos, sabemos quão importante foi também a liderança de Paul Harris, concretizada até os nossos dias em ações que são os reflexos dos seus pensamentos.. ( Adelia A. Villas - EGD4570
- Rotary Club Rio de Janeiro-Guanabara
) 29/Março/2004:
OS CAMINHOS DA COMPREENSÃO MUNDIAL - FINAL Pelas grandes lideranças que sempre exerceu em seus 99 anos de existência, o Rotary demonstrou através de seus programas que está em dia com as mudanças ocorridas no mundo. E, por isso mesmo, como uma organização rica em programas, ele tem sido procurado como parceiro por outras grandes organizações humanitárias em conseqüência do merecido crédito conquistado pelos rotarianos nesse quase um século de bem-servir. A visão demonstrada no planejamento dos grandes programas, seja no caso das bolsas de estudos, da Polio Plus, do Programa 3H - que objetiva a erradicação da fome, prestando assistência adequada a uma vida digna para diversas populações carentes - ou do Lighthouse, que atende o direito universal da alfabetização, mostra que o Rotary é capaz de enxergar à sua frente, que ele experimenta em médias escalas e está pronto para efetivar parcerias quando o bem-estar do ser humano está em jogo. Apesar de tantos esforços e progresso da humanidade, a distância entre as classes sociais continua a aumentar, numa demonstração de que, enquanto todos - governos, líderes mundiais e sociedade - não estiverem conscientes e verdadeiramente comprometidos com as soluções, não teremos a paz e justiça social que tanto almejamos e que o ser humano merece. O triste episódio da morte do embaixador Sergio Vieira de Melo no Iraque diz bem das dificuldades que o mundo enfrenta para solucionar conflitos, talvez o maior obstáculo para paz no mundo. Desde 1947, o Rotary Internacional, através da Fundação Rotária, já atendeu a mais de 30 mil estudantes provenientes de 67 países. Jovens que puderam usufruir de nossas bolsas educacionais de pós-graduação em 70 diferentes nações, naquele que é o maior programa privado de bolsas de estudo do mundo. Muito apropriadamente, esses estudantes são chamados por nós de embaixadores da boa vontade, pois esse é o objetivo da nossa organização ao selecionar jovens sem nenhuma ligação com o Rotary. Deles, pedimos apenas que retornem aos seus países e que sejam instrumentos na conquista da compreensão entre os povos, raças e religiões, visando o fortalecimento dos laços de amizade entre as populações das diferentes nações da Terra. Nesse sentido, a nossa certeza de que estamos contribuindo para um mundo mais pacífico é tão grande que, desde 2002, um novo programa de bolsas, em nível de graduação e mestrado, foi disponibilizado a jovens profissionais que esteiam dispostos a se especializarem na área de Resolução de Conflitos e de Estudos pela Paz e as Relações Internacionais. A cada ano, 70 profissionais estarão estudando em universidades de diversas regiões do mundo que estabeleceram, em parceria com a nossa organização, os sete Centros Rotary para Estudos Internacionais pela Paz e Resolução de Conflitos. Essa é a contribuição que o Rotary dá como prova concreta de seu envolvimento pela compreensão entre os povos e em busca da paz neste novo século. Juntamente com os programas locais implementados pelos clubes rotários, fruto da compreensão e do esforço dos rotarianos na busca pela paz em âmbito local, os profissionais formados pelos Centros Rotary pela Paz voltarão aos seus países e poderão exercer funções de altos comissários com grande competência na solução dos conflitos internacionais. Os resultados desse grande investimento possivelmente ainda não podem ser mensurados, em termos de quanto o mundo e a humanidade já lucraram em prol da paz. Mas esse investimento é de resultado tão certo e de retorno tão garantido que o Rotary continua a financiar, após 56 anos, mais e mais estudantes. Temos o registro de ex-bolsistas proeminentes que atualmente ocupam cargos na ONU, que são ministros ou embaixadores em seus países, cientistas e jornalistas premiados. Homens e mulheres que certamente norteiam suas vidas e suas carreiras comungando os ideais de paz dos rotarianos. ( Adelia A. Villas - EGD4570
- Rotary Club Rio de Janeiro-Guanabara
) 30/Março/2004:
OS SOFISTAS E O PERÍODO SOCRÁTICO - Parte 1 O período pré-socrático foi dominado, em grande parte, pela investigação da natureza. Essa investigação tinha um sentido cosmológico, Era a busca de explicações racionais para o universo, manifestada na procura de um princípio primordial (arché) para todas as coisas existentes. Seguiu-se a esse período uma nova fase filosófica, caracterizada pelo interesse no próprio homem e nas relações do homem com a sociedade. Essa nova fase foi marcada, no início, pelos sofistas. Etimologicamente, o termo sofista significa sábio. Entretanto, com o decorrer do tempo, ganhou o sentido de impostor devido, sobretudo, ás críticas de Platão. Os sofistas eram professores viajantes que, por determinado preço, vendiam ensinamentos práticos de filosofia. Levando em consideração os interesses dos alunos, davam aulas de eloqüência e sagacidade mental. Ensinavam conhecimentos úteis para o sucesso nos negócios públicos e privados. O momento histórico vivido pela civilização grega favoreceu o desenvolvimento desse tipo de atividade, praticada pelos sofistas. Era uma época de lutas políticas e intenso conflito de opiniões nas assembléias democráticas. Por isso, os cidadãos mais ambiciosos sentiam a necessidade de aprender a arte de argumentar em público para, manipulando as assembléias, fazerem prevalecer seus interesses individuais e de classe. As lições sofísticas tinham como objetivo o desenvolvimento do poder de argumentação, da habilidade retórica, do conhecimento de doutrinas divergentes. Eles transmitiam todo um jogo de palavras, raciocínios e concepções que seria utilizado na arte de convencer as pessoas, driblando as teses dos adversários. Segundo essas concepções, não haveria uma verdade única, absoluta. Tudo seria relativo ao homem, ao momento, a um conjunto de fatores e circunstâncias (...) Nosso Comentário: "
Os SOFISTAS foram anteriores e contemporâneos a Sócrates,
que viveu entre 469 e 399a.C.. O que é incrível é
como conseguiram RENASCER nos dias atuais, quase 2500 anos
depois, e com tanta força... . Vemos em todos os cantos e organizações,
públicas e privadas, do mundo 'moderno', os novos 'cidadãos
ambiciosos' pagando vultosas quantias aos neo-sofistas, agora
chamados vulgarmente 'marketeiros', com a mesma finalidade:
manipular a opinião pública e driblar a verdade...
Talvez nos reste orar a DEUS, para também fazer renascer um
Sócrates, um Platão, um Aristóteles e quiçá
podermos ver desmascarada tamanha HIPOCRISIA e desrespeito acintoso
a VERDADE, sempre una, pura e incorruptível, para os que têm
'olhos de ver' e 'ouvidos de ouvir' ..." 31/Março/2004:
OS SOFISTAS E O PERÍODO SOCRÁTICO - Final Nascido em Atenas, Sócrates (469-399 a.C.), é tradicionalmente considerado um marco divisório da história da filosofia grega. Por isso, os filósofos que o antecederam são chamados pré-socráticos e os que o sucederam pós-socráticos. O próprio Sócrates não deixou nada escrito, e o que se sabe dele e de seu pensamento vem dos textos de seus discípulos e de seus adversários. O estilo de vida de Sócrates assemelhava-se ao dos sofistas, embora não vendesse seus ensinamentos. Desenvolvia o saber filosófico em praças públicas, conversando com os jovens, sempre dando demonstrações de que era preciso unir a vida concreta ao pensamento. Unir o saber ao fazer, a consciência intelectual à consciência prática ou moral. O autoconhecimento era um dos pontos fundamentais da filosofia socrática: 'Conhece-te a ti mesmo', frase inscrita no Templo de Apolo, era a recomendação básica feita por Sócrates a seus discípulos. Sócrates percebe que a sabedoria começa pelo reconhecimento da própria ignorância: 'Só sei que nada sei' é, para Sócrates, o princípio da sabedoria, atitude em que assume a tarefa verdadeiramente filosófica de superar o enganoso saber baseado em idéias pré-concebidas. Sua filosofia era desenvolvida mediante diálogos críticos com seus interlocutores. Esses diálogos podem ser divididos em dois momentos básicos: a ironia (do grego eironeia, perguntar fingindo ignorar) e a maiêutica (de maieutiké, relativo ao parto). Na linguagem cotidiana, a ironia tem um significado depreciativo, sarcástico ou de zombaria. Mas não é esse o sentido da ironia socrática. No grego, ironia quer dizer interrogação. Sócrates interrogava seus interlocutores sobre aquilo que pensavam saber: O que é o bem? O que é a Justiça? São exemplos de algumas perguntas feitas por ele. Com habilidade de raciocínio, procurava evidenciar as contradições afirmadas, os novos problemas que surgiam a cada resposta. Seu objetivo inicial era demolir, nos discípulos, o orgulho, a ignorância e a presunção do saber. A ironia socrática tinha um caráter purificador na medida em que levava os discípulos a confessarem suas próprias contradições e ignorância, onde antes só julgavam possuir certezas e clarividência. Libertos do orgulho e da pretensão de que tudo sabiam, os discípulos podiam iniciar o caminho da reconstrução das próprias idéias. Nesta segunda fase do diálogo, o objetivo de Sócrates era ajudar seus discípulos a conceberem suas próprias idéias. Essa fase do diálogo socrático, destinada à concepção de idéias, era chamada de maiêutica, termo grego que significa 'trazer à luz' . A doutrina socrática identifica o sábio e o homem virtuoso. Derivam daí diversas conseqüências para a educação, tais como: (1) o conhecimento tem por fim tornar possível a vida moral; (2) o processo para adquirir o saber é o diálogo; (3) nenhum conhecimento pode ser dogmaticamente ministrado, mas como condição para desenvolver a capacidade de pensar; (4) toda a educação é essencialmente ativa, e por ser auto-educação, leva ao conhecimento de si mesmo; (5) a análise radical do conteúdo das discussões, retiradas do cotidiano, leva ao questionamento do modo de vida de cada um e, em última instância, da própria cidade. Interessado somente na prática da virtude e na busca da verdade, contrariava os valores dogmáticos da sociedade ateniense. Por isso, recebeu a acusação de ser injusto com os deuses da cidade e de corromper a juventude. No final do processo foi condenado a beber cicuta (veneno). A história da sua acusação, defesa e execução é contada nos belos diálogos de Platão: 'Apologia de Sócrates e Fédon'. Diferenças entre Sócrates e os
Sofistas: ( Cristina G. Machado de Oliveira - Profª
Mestra em Filosofia - 1975/** )
Nosso Comentário: "
Não sei quanto aos leitores, mas vejo uma semelhança
incrível entre os SOFISTAS de ontem e os POLÍTICOS e
'MARKETEIROS' (no sentido pejorativo mesmo...) de hoje. Quanto
à escolha, cada um tem seu 'livre arbítrio'... eu, particularmente,
escolho a busca da VERDADE e o combate à HIPOCRISIA..., por
um mundo melhor, mesmo que seja obrigado a tomar 'cicuta' também
... Aliás, cerca de 400 anos após Sócrates, tivemos
um outro que nasceu entre nós, que dividiu a história
por seus ensinamentos de amor e fraternidade, que respeitava a liberdade
de pensamentos... e que também foi acusado de blasfemar contra
Deus, de corromper a religião... sendo pregado numa cruz...
Até quando vamos errar em nossas escolhas???" |
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Portal Nosso São Paulo - www.nossosaopaulo.com.br |
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