NOVEMBRO de 2002 |
![]() www.nossosaopaulo.com.br |
||
"Todas as mensagens aqui exibidas são extraídas, a menos de nota em contrário, das obras do Dr. Augusto Jorge Cury, Psiquiatra, Psicoterapeuta e Cientista Teórico" |
|||
29/Novembro CONCEITOS E DEFINIÇÕES
- Farmacodependência (toxicomania)
"Farmacodependência
é o 'estado psíquico, e às vezes físico, causado pela ação de
um farmaco (droga) em um organismo vivo, o que modifica o comportamento
e gera um desejo irreprimível de tomar a droga de
forma contínuo ou periódica, com o objetivo de experimentar seus
efeitos psicológicos, ou para evitar o mal-estar que sua ausência produz
no organismo.
Se a palavra
'tóxico' não deve ser empregada para designar as drogas que causam
dependência, também a palavra 'toxicomania' (mania de usar tóxicos)
não deve ser relacionada com seus usuários. Aliás,
é um erro grave taxar as pessoas dependentes de drogas de toxicômanos,
viciados ou mesmo farmacodependentes, pois, ao taxá-las assim, desprezamos
as 'partes' saudáveis de suas personalidades e supervalorizamos as 'partes'
negativas. Valorizar aspectos positivos
da personalidade de uma pessoa dependente de drogas é o primeiro passo
para ajudá-la."
28/Novembro CAPÍTULO 5 - CONCEITOS E DEFINIÇÕES - Psicotrópico (tóxico)
"Conhecer alguns conceitos e definições científicas sobre o assunto
é fundamental para se ter o alicerce adequado e uma melhor compreensão
do problema. Veremos a seguir como são definidas as drogas que
causam dependência (os chamados psicotrópicos), em que consiste a dependência
psicológica e a física e qual o significado do conceito de tolerância,
fenômeno que leva os usuários a necessitarem de doses cada vez maiores.
a- Psicotrópico
(tóxico): é o nome científico dado às drogas que causam dependência
psicológica e, às vezes, física. Essas substâncias entram na corrente
sangüínea - por via oral, endovenosa (injeção na veia) ou por inalação
- e vão até o sistema nervoso central (o cérebro), onde agem interferindo,
de forma ainda não totalmente esclarecida, no campo da energia emocional
e intelectual de um indivíduo."
27/Novembro O FENÔMENO RAM - A BARATA TRANSFORMANDO-SE EM DINOSSAURO "É uma corrida contra
o tempo. Quanto mais tempo um usuário passa sem as drogas, mais ele
vai arquivado novas experiências. Em um dia saudável, ele pode arquivar
centenas ou milhares de novas experiências, reeditando assim a sua história.
E se o 'eu' atuar nesse processo de reconstrução,
se ele resolver não ser mais doente, mas ser um agente modificador da
sua história, ele impulsiona esse processo. Repito:
depois de instalada a dependência, o problema não é mais a droga, mas
o arquivo registrado sobre ela. Descaracterizar o monstro virtual, desorganizar esta representação
clandestina, torna o tratamento da farmacodependência uma das
mais complicadas engenharias da Psicologia e da Psiquiatria.
Se houver a colaboração corajosa, lúcida e completa do paciente, o tratamento
poderá ser coroado de êxito, ainda que haja algumas batalhas perdidas
pelo caminho; mas, se houver uma colaboração frágil, instável e parcial,
o tratamento estará fadado ao insucesso."
26/Novembro O FENÔMENO RAM - A BARATA TRANSFORMANDO-SE EM DINOSSAURO "Freud discorreu sobre o inconsciente,
mas não investigou os fenômenos que lêem a memória e constróem pensamentos.
Por isso, não compreendeu que para resolver os traumas do passado, é
insuficiente trazê-los à consciência e trabalhá-los; é tão ou mais
necessário reconstruir a cada momento de nossas existências
um universo de idéias e pensamentos novos, ricos, e sábios, que
vão abrindo novas avenidas na memória e nos porões inconscientes.
Por que não conseguimos apagar a memória ?
Porque não temos habilidade para isso, nem acesso aos dados registrados
e não temos sequer conhecimento de onde estão os lócus (locais) das experiências
doentias, ou seja, não sabemos onde elas foram registradas. Em
que áreas do nosso cérebro foram registradas nossas experiências angustiantes
? Não sabemos. Para termos uma idéias da complexidade
da memória, apenas uma área do tamanho da ponta de
uma caneta em certas regiões do córtex cerebral contém milhões de experiências
e informações. Como localizá-las e deletá-las ? Como separar as
experiências doentias das saudáveis ? Impossível. Portanto, a única possibilidade
que resta ao homem é reconstruir uma nova vida, é reescrever os capítulos
principais de sua nova história."
25/Novembro O FENÔMENO RAM - A BARATA TRANSFORMANDO-SE EM DINOSSAURO "Como apagar a imagem
ou estrutura inconsciente da droga que financia a dependência psicológica
? É impossível ! Não se apaga, não se 'deleta' a
memória, apenas se pode reescrevê-la. Filosoficamente falando, não é possível destruir o passado
para reconstruir o presente, mas é possível reconstruir o presente para
reescrever o passado.
Não
dá para apagar o que registramos, mas podemos reorganizá-lo,
substituí-lo, refilmá-lo, por meio de novas
atitudes, experiências, sonhos, projetos, relações sociais e
novas maneiras de ver a vida e reagir aos eventos do mundo."
22/Novembro O FENÔMENO RAM - A BARATA TRANSFORMANDO-SE EM DINOSSAURO "Agora fica mais fácil
entender que a dependência é uma atração irracional,
enquanto que a fobia é uma aversão irracional.
A dependência é produzida quando se superdimensiona no inconsciente o
objeto da atração, no caso, as drogas, enquanto que toda e qualquer
fobia é produzida quando se superdimensiona o objeto da aversão
que pode ser um animal ou até um elevador. No momento
em que uma pessoa está tendo uma reação compulsiva
pelas drogas sua inteligência é bloqueada, impedindo-a de
pensar com liberdade até que consiga uma nova dose da droga. Do mesmo
modo, quando uma pessoa está tendo uma reação fóbica sua inteligência é travada e ela não consegue
pensar em mais nada a não ser em fugir do ambiente estressante.
Com o passar do tempo, a droga enquanto substância química não é mais
o grande problema. O grande problema passa a ser a
imagem dela tecida nos bastidores da mente. Esta imagem é que sustenta
a dependência psicológica."
21/Novembro O FENÔMENO RAM - A BARATA TRANSFORMANDO-SE EM DINOSSAURO "Os usuários de cocaína têm sensações paranóicas durante o efeito da droga. Sentem uma mescla de excitação com medo e têm idéias de perseguição. A reprodução contínua dessas experiências superdimensiona a expectativa dos efeitos das drogas, retroalimentando a imagem delas no inconsciente. Trocando em
miúdos, cada vez que usam a droga e registram os seus complexos efeitos
intensos, eles cavam a própria sepultura, constróem o próprio cárcere.
A droga registrada no inconsciente vai ficando, pouco
a pouco, muito maior do que a droga química. Ela, que no
início era como uma pequena barata, fácil de ser eliminada, transforma-se,
paulatinamente, num enorme dinossauro, confeccionado no
inconsciente. A imagem superampliada no território da memória aprisiona
o grande líder da inteligência, o EU.
Quanto mais
a droga aumenta o monstro no inconsciente, mais difícil fica eliminá-lo,
por isso, embora seja possível destruí-lo em qualquer época da vida, é
mais fácil nos estágios iniciais."
20/Novembro O FENÔMENO RAM - A BARATA TRANSFORMANDO-SE EM DINOSSAURO "Toda vez que o usuário vai
usar uma nova dose de droga, sua emoção está sob um foco de tensão,
caracterizado por euforia, angústia, medo, ansiedade, apreensão. Imagine
o impacto que uma droga estimulante ou alucinante causa em uma emoção
que já está previamente tensa. As experiências psíquicas
resultantes são intensas, mais intensas do que os elogios numa
festa de aniversário, o recebimento de um diploma ou a emoção de uma partida
final de campeonato esportivo. Tais experiências são
registradas na memória, usurpando áreas nobres que deveriam
ser ocupadas por sonhos, projetos, metas, relações sociais. Por isso, os dependentes tornam-se velhos em corpos jovens.
O inconsciente deles fica saturado de experiências angustiantes e turbulentas.
Dá para entender,
por meio desse mecanismo, porque os dependentes químicos, com o passar
do tempo, perdem o encanto pelos pequenos detalhes da vida, perdem
o interesse pelas coisas singelas e não conseguem extrair o prazer das
coisas comuns e normais. Só procuram prazer naquilo que foge do padrão
da normalidade. Vivem errantes, procurando grandes estímulos para
sentir um pouco de prazer. Eles, mesmo odiando essa
masmorra, gravitam em torno do efeito psicotrópico destas míseras substâncias."
19/Novembro O FENÔMENO RAM - A BARATA TRANSFORMANDO-SE EM DINOSSAURO "O fenômeno RAM é o registro automático na memória de todas as experiências. Ele registra de maneira privilegiada as experiências que têm mais emoção, sejam elas prazerosas ou angustiantes. Se fizermos uma varredura em nosso passado, verificaremos que temos mais facilidade de recordar as experiências mais frustrantes ou as mais alegres. Elas foram registradas em áreas importantes da memória, o que as torna disponíveis para serem lidas e utilizadas na construção de novas cadeias de pensamentos e de novas emoções, de modo mais fácil. Como as drogas produzem efeitos intensos na psique, esses efeitos ocupam espaços importantes nos arquivos inconscientes da memória. Some-se a isso as experiências emocionais de um usuário, que não são nada serenas nem tranqüilas e, por serem borbulhantes, também são registradas privilegiadamente, contribuindo para produzir o cárcere da inteligência." 18/Novembro O FENÔMENO DA ÂNCORA DA
MEMÓRIA
"Ocorre o mesmo quando
travamos nossa capacidade de pensar em situações tensas.
A não ser que nos interiorizemos nessas situações e silenciosamente
critiquemos os focos de tensão, bem como os pensamentos negativos
que estamos tendo, não conseguiremos resgatar
a liberdade de pensar.
Da próxima
vez em que travarmos nossas inteligências, vamos
deixar de ser passivos e partir para um ataque íntimo e silencioso
nos territórios da memória. Como fazer isso ? É necessário
criatividade, produzir pensamentos contra tudo o que está nos algemando.
Ninguém
precisa ouvir, mas devemos fazer uma verdadeira revolução clandestina,
não importa onde estivermos.
Retornando
à dependência de drogas, ao invés de criticarmos e marginalizarmos
os usuários, deveríamos compreendê-los e acolhê-los com o maior
respeito e consideração. Estudaremos como fazer isso. É fácil
julgá-los e condená-los, mas é difícil colocar-se
no lugar deles e perceber as amarras construídas nos bastidores
de suas mentes."
14/Novembro O FENÔMENO DA ÂNCORA DA
MEMÓRIA
"A mentira e o uso de drogas são dois amantes que moram na mesma
casa, no cerne da alma dos dependentes. Não é possível vencer
as drogas sem aprender a ser autêntico, sem aprender a ser honesto
até as últimas conseqüências. O primeiro golpe na farmacodependência
é aprender a banir a mentira e viver a arte da autenticidade.
A âncora
da memória tem outras funções importantes na inteligência, que aqui
não serão detalhadas. Por meio dela, produzimos um universo de pensamentos
sobre um determinado assunto ou situação. Entretanto, como já foi
dito, se ela se fecha rigidamente num território específico da memória,
é capaz de exercer uma verdadeira ditadura na
inteligência, que trava a capacidade de pensar. Por isso, quando
afirmo que as drogas causam a pior prisão do mundo, refiro-me ao fato
de os usuários, sob o jugo do desejo compulsivo de usá-las, perderem
completamente a liberdade de pensar e decidir.
A não ser
que o 'eu', representado pela vontade consciente,
atue com coragem para abrir a âncora, para expandir
o território de leitura dos arquivos da memória, o usuário
será um escravo de sua dependência nos momentos de compulsão."
13/Novembro O FENÔMENO DA ÂNCORA DA
MEMÓRIA
"A âncora da memória é muito sensível à intensidade das emoções,
por isso, os transtornos psíquicos e os estímulos estressantes, se não
forem bem gerenciados, poderão conspirar contra ela. Pessoas inteligentes
e lúcidas poderão ter péssimo desempenho em determinados focos de tensão.
O que a âncora tem a ver com a dependência das drogas ? Tudo ! Quando
uma pessoa detona o gatilho da memória, gerando um desejo compulsivo
de usar as drogas, esse gatilho direciona a âncora
para determinados arquivos ligados às experiências de drogas.
Assim, o usuário não pensa em outra coisa a não ser em usá-las. Eis o cárcere gerado pelas drogas. A mais
completa definição de dependência psicológica passa pela explicação
desses fenômenos.
Às vezes,
o gatilho foi detonado horas antes do uso, deslocando o território
de leitura da memória para as zonas da dependência. A conseqüência disso
é que os usuários começam a ter um desejo quase
que incontrolável de usar as drogas e, por isso, trabalham engenhosamente
para procurar uma nova dose, como tentativa de aliviar a tensão gerada
por essa compulsividade. A face deles até muda. A serenidade é implodida.
São tão controlados pela âncora da memória que mentem
para si mesmos e para o mundo, dizendo que não vão usá-las,
mas no fundo sabem que irão."
12/Novembro O FENÔMENO DA ÂNCORA DA
MEMÓRIA
"A memória
é formada por milhares de arquivos que se interconectam mutuamente, contendo
bilhões de informações e de experiências acumuladas ao longo da vida.
Ela não está toda disponível para a leitura, mas
sim acessível por território, por grupo de arquivos. Âncora
da memória é, portanto, o território de leitura disponível em um
determinado momento da vida de um indivíduo.
Dependendo da abertura da âncora, uma pessoa terá melhor ou
pior desempenho intelectual, melhor ou pior segurança, melhor ou pior
condição de reagir pensar e sentir. Por que uma
pessoa deixa fluir livremente seus pensamentos quando está sozinha ou
diante dos íntimos, mas tem grande dificuldade de liberar suas idéias
quando está em público ? Por que um esportista pode ter um ótimo desempenho
nos treinos, mas um péssimo desempenho no exato momento da competição
? Tudo depende da disponibilidade do território de
leitura da memória. Se uma pessoa está tensa,
estressada, ansiosa, em determinada situação, poderá fechar a âncora da
memória, restringindo seu território de leitura e, consequentemente,
comprometer a eficiência da sua inteligência. Se fechamos a âncora, contraímos o raciocínio; se abrimos, expandimos
a produção das idéias. As pessoas tímidas, por se sentirem ameaçadas
e excessivamente vigiadas no ambiente social, estão continuamente fechando
o território de leitura da memória e prejudicando sua liberdade de pensar
e sentir."
11/Novembro O FENÔMENO DA AUTOCHECAGEM -
O GATILHO DA MEMÓRIA
"O que esse fenômeno tem a ver com a dependência química ?
Ele é o grande responsável por detonar o desejo compulsivo de usar
uma nova dose de droga, ou seja, por desencadear o cárcere da emoção.
Um dependente tem desejo compulsivo de usar droga o dia todo, ainda
que ele seja um grave dependente ? NÃO !
Esse conceito é errado. Ele só vai detonar inconscientemente
esse desejo em determinados momentos do seu dia, tais como, quando
está na turma de amigos ou vivenciando uma experiência de solidão, angústia
ou ansiedade. Uma pessoa portadora de síndrome do pânico também é vítima do gatilho
da memória. Ela pode estar tranqüila em grande parte do seu tempo,
mas, de repente, por diversos mecanismos que não cabe aqui discorrer,
o gatilho é detonado, gerando uma reação fóbica intensa, um medo súbito
de que vai morrer ou desmaiar. A síndrome
do pânico é o teatro da morte. É totalmente possível resolvê-la,
mas as reações geradas por ela são muito angustiantes.
Aprender a reescrever a história e a gerenciar a tensão produzida
pelo gatilho da memória é o grande desafio terapêutico na resolução
do cárcere da dependência e dos demais transtornos ansiosos, como a síndrome
do pânico e as obsessões."
10/Novembro O FENÔMENO DA AUTOCHECAGEM -
O GATILHO DA MEMÓRIA
"O fenômeno
da autochecagem na memória, como o próprio nome sugere, verifica automaticamente
na memória, os estímulos psíquicos (ex: fantasias), visuais e sonoros,
gerando um gatilho que produz as primeiras reações, pensamentos
e emoções nas mais diversas situações em que nos encontramos.
As respostas rápidas e impensadas, as reações instantâneas de
ansiedade, irritação e impulsividade, as reações instintivas, os
movimentos musculares produzidos sem uma determinação consciente
e o menear de cabeça, concordando com nosso interlocutor ou discordando
dele, são exemplos de reações produzidas pelo fenômeno do gatilho da memória.
Elas não foram programadas ou elaboradas pelo eu, mas produzidas
automática e espontaneamente. O fenômeno da autochecagem detona o gatilho. Toda vez que
vemos um objeto ou uma palavra nós os identificamos automaticamente
graças ao gatilho psíquico. Esse conduz o estímulo visual até o córtex
cerebral e o 'autocheca' nos arquivos da memória. A angústia
e a indignação inicial quando alguém nos ofende ou nos rejeita não
foram programadas pelo eu, mas foram geradas pelo gatilho da memória.
Notem que não teríamos determinadas reações instantâneas de agressividade
e impulsividade se pudéssemos controlá-las. O fenômeno
do gatilho da memória desencadeia as primeiras reações nas relações sociais."
07/Novembro O FUNCIONAMENTO DA MENTE
- OS TRÊS FENÔMENOS
"Do conjunto desses fenômenos,
três participam diretamente da dependência de drogas e
da produção de doenças. O primeiro é o fenômeno RAM (Registro Automático da Memória); o segundo é o fenômeno
da Autochecagem da Memória (fenômeno
do gatilho) e o terceiro é o fenômeno da Âncora
da Memória.
Se entendermos,
ainda que com limitações, a atuação desses três fenômenos, veremos
o horizonte. O mecanismo da produção da farmacodependência
e de outros transtornos psíquicos, tais como a depressão, a síndrome
do pânico e as fobias, deixarão de ser um tabu incompreensível.
Os fenômenos
do 'gatilho da memória' e da 'âncora da memória' serão novamente
enfocados quando comentarmos a terapia multifocal."
06/Novembro O FUNCIONAMENTO DA MENTE
- OS TRÊS FENÔMENOS
"Vamos
penetrar, agora, em algumas áreas importantes da engrenagem da
mente humana para enxergarmos um pouco mais o cárcere da emoção
produzido pelas drogas e outras doenças psíquicas.
Em primeiro
lugar, quero dizer que a inteligência é mais
do que emocional, como explica a criativa teoria de Goleman,
e é mais do que múltipla, como tão bem esclarece a inteligente
teoria de Gardner. A inteligência é MULTIFOCAL(*). Engloba a atuação da emoção e as múltiplas
áreas de desenvolvimento da inteligência, como a área musical
e a área lógico-matemática. Como disse, ao longo de muitos anos,
desenvolvi uma teoria original sobre o funcionamento da mente, chamada
de INTELIGÊNCIA MULTIFOCAL. Como ela trata dos fenômenos universais
que estão na base da construção dos pensamentos, ela não é uma teoria
que anula as outras, mas contribui com todas elas, inclusive com
as teorias aparentemente opostas, tais como a psicanálise e a comportamental.
Se compreendermos
os assuntos que comentarei aqui, teremos uma nova luz para entender
a gênese das doenças psíquicas. Existe uma série de fenômenos
que participam da construção de cada pensamento, de cada reação
emocional. Já comentei sobre dois deles, o fenômeno da psicoadaptação
e o fenômeno RAM. Recordemos que o fenômeno
da psicoadaptação leva a uma diminuição da experiência emocional
frente à exposição do mesmo estímulo e o
fenômeno RAM é o fenômeno que registra automaticamente todos os
pensamentos e emoções na memória."
05/Novembro O FUNCIONAMENTO DA MENTE
"Toda vez que uma pessoa faz
uso de maconha, o fenômeno RAM registra automaticamente na memória
os seus efeitos psicotrópicos. Desse modo, a tranqüilização emocional
potente, as fantasias e a desaceleração da construção de pensamentos
são registradas continuamente no inconsciente. Esse registro conduz à retração de algumas das funções cognitivas mais importantes
da inteligência, tais como a capacidade de empreender,
criar, superar novos desafios, estabelecer metas e prioridades, perseverar,
motivar-se, gerenciar os pensamentos. O uso contínuo e crônico da maconha contrai, assim, as funções intelectuais,
engessa a motivação e a capacidade de liderança.
O que está
em jogo não é se a droga deve ou não ser proibida, pois os binômios certo e errado, proibido e não proibido, são
muito pobres. O que está em jogo é se a droga compromete
ou não o pleno funcionamento da mente e o pleno desenvolvimento das
funções intelectuais. O que está em jogo é se a droga financia
a liberdade ou encarcera a inteligência. Ainda que alguns tipos
de drogas não afetem tanto o organismo, mas se
elas comprometem a capacidade intelectual e o direito de ser livre,
elas não deveriam ser usadas.
Esse princípio
deve ser aplicado não apenas às drogas químicas, como também às
drogas 'não químicas', tais como a dependência da estética
do corpo, em que cada grama de peso destrói o prazer pela vida, a
dependência da Internet e tantas outras disponíveis no mundo
moderno."
04/Novembro O FUNCIONAMENTO DA MENTE
"A falta de pesquisa
tem gerado uma série de dúvidas importantes (...) Por exemplo, vamos
retomar o famoso e polêmico caso do uso da maconha.
Há muitas
dúvidas sobre a intensidade do mal que essa droga causa. Sabe-se que
ela pode alterar a formação dos espermatozóides, diminuir a imunidade
e impregnar o cérebro com sua substância psicoativa, o tetrahidrocanabinol,
por vários dias. É comum ouvirmos que o cigarro
causa mais danos ao organismo que a maconha. Diante disso, alguns
indagam: por quê, então, ela não é liberada ? Raramente, alguém
consegue dar uma resposta convincente sobre esse assunto.
Eu não sou
um jurista, portanto, não me compete legislar sobre a liberação ou não
da maconha. Nem tampouco sou um pesquisador bioquímico, capaz de dar
respostas precisas sobre os efeitos físicos da maconha, todavia, como
pesquisador do funcionamento da mente, quero dar algumas respostas importantes
sobre os efeitos das drogas na construção da inteligência.
Vou relatar princípios universais que ocorrem com o uso de qualquer
substância psicotrópica, mesmo as medicamentosas. Como levantei
a questão da maconha, vou fazer uma pausa na minha discussão e relatar
sinteticamente seus efeitos nas engrenagens da mente.
A classificação
das drogas, segundo o seu efeito psíquico, sofre variações de acordo
com a ótica do pesquisador. A maconha pode causar
alucinações, mas o seu principal efeito é tranqüilizante. Como
tranqüilizante, é muito potente sobre o cérebro, gerando
uma desaceleração dos fenômenos que fazem a leitura da memória, retraindo,
assim, o processo de construção de pensamentos e induzindo a produção
de fantasias, ou seja, de experiências imaginárias sem uma relação
lógica com os parâmetros da realidade."
01/Novembro O FUNCIONAMENTO DA MENTE "Há cientistas,
financiados pelas indústrias farmacêuticas, gastando o melhor tempo
de suas vidas em ricos institutos de pesquisa para descobrir as causas,
fisiologia e tratamento de determinadas doenças. Como tais pesquisas
resultarão em medicamentos que trarão enormes retornos financeiros,
essas indústrias nem se importam em gastar bilhões de dólares em pesquisas.
No entanto, como a dependência de drogas não traz
retorno financeiro, ela é uma área abandonada, os poderosos laboratórios
não financiam pesquisas nesse campo. Nossos jovens estão sendo destruídos,
e poucos se importam com isso.
Há milhões
de pessoas que vivem no cárcere das drogas, incluindo o álcool e medicamentos
psicotrópicos sem orientação médica, dos quais se destacam os
tranqüilizantes e os moderadores de apetite mas, raramente, encontramos
pesquisadores, mesmo nas universidades, preocupados com esse grave
problema social."
|
|||
![]() |
![]() |
||
Portal
Nosso São Paulo
- www.nossosaopaulo.com.br
|
|||
![]() |
![]() |
||
![]() |
![]() |
![]() |