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Todas as mensagens aqui exibidas são extraídas, a menos de nota em contrário, das obras do Dr. Augusto Jorge Cury, Psiquiatra, Psicoterapeuta e Cientista Teórico" |
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31/Janeiro/2003:
NÃO
MERGULHAR NO SENTIMENTO DE CULPA
"Muitos jovens que usam drogas não têm problemas familiares maiores que a grande parcela de outros que nunca chegam a usá-las. Muitas vezes, o uso de drogas é mera questão de oportunidade, apresentada por ambientes e circunstâncias propícias. Em outras palavras, se um jovem está usando drogas, os pais não devem pensar que sua família é problemática e que eles fracassaram na educação dos filhos. Muitos
psicólogos erram ao colocar excessiva carga de culpa sobre os pais
pelos conflitos dos seus filhos. Os pais precisam
de coragem e não de culpa, precisam ter esperanças para transmitir
esperança e apoio aos seus filhos.
As sociedades modernas são muito
estressantes: trabalhamos muito, investimos nossas energias para
sobreviver, pagar a escola dos filhos, manter o carro, fazer um plano de
saúde e de previdência. Chegamos em casa e não temos nem disposição para
conversar. Ligamos a TV, mas não prestamos atenção nas cenas, queremos relaxar. Pegamos o jornal e vamos aos fatos de sempre,
nada muda; mas os textos do jornal são terapêuticos, relaxantes. Infelizmente, não gastamos o tempo com as pessoas mais importantes:
nossos filhos e nosso cônjuge."
30/Janeiro/2003:
REVENDO A RELAÇÃO ENTRE PAIS E FILHOS - Cap.
08
Princípios fundamentais
para ajudar os jovens a romperem o cárcere da emoção
"Como conversar com os filhos que estão usando drogas ou com
quem se suspeita de estar usando? É possível começar um diálogo com
esses jovens e ocupar um lugar mais importante no cerne do seu
ser? Isso é uma tarefa difícil, mas possível.
Para tentar auxiliar pais, educadores e profissionais da saúde, vou
expor (nos próximos dias), de maneira didática, alguns princípios fundamentais
que não devem ser seguidos como regra, mas adaptados às experiências
de vida de cada um. Gostaria de dizer que esses
princípios podem ser aplicados não apenas às famílias que têm filhos
que usam drogas, mas a todas as famílias que querem melhorar
a sua qualidade de vida e ajudar seus filhos a sanar as suas estruturas
doentias. São eles:
1. Não mergulhar no sentimento de culpa;
2. Manter a calma - eliminar a agressividade;
3. Resgatar o primeiro amor;
4. Revolucionar a relação com os
filhos.
29/Janeiro/2003: NÃO COMENTAR
EXTENSIVAMENTE
"Não
se deve preestabelecer tempo para as RDIs mas, de modo geral,
não devem ser longas. Elas têm sempre que terminar com o sabor desta
frase: 'Que pena, já terminou!' e não com
'Que bom, já acabou!'. Talvez meia ou uma hora sejam o suficiente.
Não necessariamente os pais devem iniciar os debates, os
filhos também devem iniciá-los.
O
assunto a ser discutido pode não ser as drogas, mas conflitos, dificuldades
ou outros temas de interesse dos membros participantes, até profissionais
e financeiros. As RDIs podem estimular o amor mútuo e o trabalho em
equipe.
Uma
última recomendação: os pais devem aprender a cultivar com seus filhos, o prazer
do diálogo conjunto. Se perguntarmos aos pais se apreciam
conversar com seus filhos, a grande maioria dirá que sim sem titubear.
Todavia, suas atitudes mostram que não. Eles têm tempo para escovar
os dentes, mas não para higienizar as relações entre
eles; têm tempo para consertar o vazamento de água da torneira,
mas não para reparar o vazamento de credibilidade e de respeito entre
si; têm tempo para levar o carro ao mecânico, mas não têm coragem
de assumir suas dificuldades e de reparar a crise do diálogo.
Pais e filhos são capazes de ouvir,
horas a fio, as personagens da TV, mas não conseguem ouvir com prazer, por
alguns minutos, o que está acontecendo no interior uns dos outros."
28/Janeiro/2003: NÃO COMENTAR EXTENSIVAMENTE "Se
a Educação descobrisse o valor e a necessidade de mesclar a arte da pergunta
com a arte da dúvida e da crítica, certamente a
arte de pensar passaria por uma revolução. Sem o desenvolvimento
dessas três artes, não desenvolvemos multifocalmente a inteligência.
Os
pais devem certificar-se de que os filhos absorveram os ensinamentos,
estimulando-os não apenas a pensar, como também a
expressar seus pensamentos. Tal procedimento estimulará a segurança,
a habilidade intelectual e a auto-estima dos jovens, podendo até corrigir
uma característica de personalidade angustiante que tem acometido muitos
deles, a timidez.
Os tímidos falam pouco, mas pensam muito. Para terem uma emoção saudável, protegida e uma inteligência empreendedora, eles precisam aprender a expressar seus pensamentos. As RDIs (Reuniões de Debate de Idéias) podem ajudá-los muito." 27/Janeiro/2003: NÃO
COMENTAR EXTENSIVAMENTE
"Não
estender demais as explicações quando se reunirem com os filhos é
outro princípio importante. Os pais devem ter um conhecimento geral
sobre as drogas, mas não devem desvendar todas as informações
que sabem. Caso contrário, a sala de casa se transformará numa fria e pouco interessante sala
de aula. Não será um diálogo, mas um monólogo monótono e pouco
atraente.
É
muito importante que os pais aprendam a estimular a arte da pergunta.
Pergunte mais aos filhos do que responda. Estimule-os a encontrar
as suas próprias respostas. É mais seguro e inteligente que tenham as
próprias respostas. A arte da pergunta estimula
a arte da dúvida, ou seja, leva a pessoa a duvidar dos
seus conceitos e abrir-se para outras possibilidades. Por sua vez, a arte da dúvida estimula a arte de pensar."
24/Janeiro/2003: DIALOGAR SEM DRAMA "Tenho
dado conferência para muitos educadores e treinado diversos psicólogos.
Digo sistemática e enfaticamente a eles que precisamos rever as linhas
mestras do processo educacional, ou continuaremos
a gerar uma juventude doente, que pouco conhece a arte de pensar.
Nenhuma planta é saudável se não tem raízes profundas.
Dar regras para os jovens e estabelecer limites rígidos de comportamento
sem conduzi-los a velejar dentro de si mesmos é totalmente insuficiente
para criarem raízes no cerne da inteligência. Quando os pais se reúnem prazerosamente
com seus filhos e estimulam o debate de idéias, cria-se um ambiente adequado
para discutir o tema drogas. Assim, os jovens não as usarão porque elas são proibidas, mas porque aprenderam
a valorizar o espetáculo da vida."
23/Janeiro/2003: DIALOGAR SEM DRAMA
"Quando falarem sobre as drogas, ou sobre qualquer outro assunto polêmico,
os pais não devem fazer drama. Penso que uma postura segura deve ser
assumida, mostrando a seriedade do fato, porém num tom de voz natural,
não agressivo nem impositivo.
Se
as crianças vislumbrarem nos pais confiança, espontaneidade e serenidade,
certamente elas abrirão as janelas de suas inteligências e incorporarão
conceitos que irão imprimir no inconsciente uma representação saudável.
Se, por outro lado, as crianças ouvirem um discurso
vazio, rígido, de mão única, carregado de idéias proibitivas sobre o
uso das drogas, elas não se vacinarão contra o seu uso. Afirmo que
a grande maioria dos jovens que usam drogas e são prisioneiros delas já
ouviram, antes de iniciar o uso, seus pais e professores falando mal delas.
Que educação é esta que não penetra as entranhas do
processo de formação da personalidade ?"
22/Janeiro/2003: PROMOVER REUNIÕES COM DEBATE DE IDÉIAS (RDI's)
"Pais que exigem dos seus filhos atitudes nobres diante da vida,
devem sair do discurso e mostrar tais atitudes em
sua própria história. Pois que querem estimular seus filhos a serem
sábios, livres, capazes de interiorização, de pensar antes de reagir e
de enxergar o mundo não apenas com os próprios olhos, mas também com
os olhos dos outros, não devem ter medo de reconhecer seus erros,
dificuldades, limitações e, muito menos, de pedir desculpas aos filhos
e demonstrar que é possível corrigir rotas em suas vidas.
Tal comportamento vale mais do que
mil regras educacionais. Não é fácil educar filhos; é fácil educar
os filhos dos outros, mas não os nossos. Não se fabrica a personalidade
dos jovens, só é possível estimulá-los e, se o fizermos com sabedoria, semearemos
neles as funções mais importantes da inteligência."
21/Janeiro/2003: PROMOVER
REUNIÕES COM DEBATE DE IDÉIAS (RDI's)
"Os
pais não precisam esperar que os filhos perguntem sobre as drogas para
conversar com eles. Como já disse, os pais deveriam
ser os primeiros professores dos jovens.
É recomendável
que se façam reuniões exclusivas para falar sobre drogas, sexo, limites
e responsabilidades sociais. Chamo essas reuniões de RDI's
(Reunião de Debate de Idéias ou de Diálogo). Tais reuniões podem
ser realizadas a cada mês. Deve-se fazer tais reuniões ao acaso
ou com data marcada ? A experiência já confirmou que, se não
forem marcadas previamente, tais reuniões dificilmente ocorrerão.
Um outro tipo
de reunião deve ocorrer com mais freqüência, de preferência semanalmente,
é a reunião em que se cultiva o diálogo entre os membros da família.
Nessas reuniões os pais devem ouvir seus filhos, trocar
experiências, reconhecer seus próprios erros e, se necessário, pedir desculpas
a eles. Como é possível que pais reconheçam erros e peçam desculpas
aos filhos ? 'Mas isso não está nos manuais de educação!', diriam alguns.
Eu diria: 'Não se preocupem com os manuais de educação, porque eles funcionam
muito pouco'."
20/Janeiro/2003: COMO DIALOGAR SOBRE AS DROGAS "Apesar
de não haver regras para um diálogo desse tipo, existem alguns
princípios:
-
Os pais não devem temer comentar com os jovens os
possíveis prazeres momentâneos que as drogas causam, ou seja, os
efeitos psicológicos provocados pelo uso delas, inclusive os do cigarro
de tabaco.
-
Quando os filhos perguntarem sobre algum tipo de prazer ou efeito psicológico
das drogas, os pais devem conversar a respeito, mas sempre ressaltando que nem
tudo o que gera algum tipo de prazer é saudável; há coisas que,
além de não serem saudáveis, podem ser extremamente destruidoras,
das quais existem numerosos exemplos práticos: brincar com fogo, brincar
com arma, dirigir carro em altíssima velocidade, etc. Tais atos podem
provocar prazer, mas os riscos são enormes e muitas pessoas se destroem
com tais práticas.
- Os pais devem ser criativos, espontâneos
e autênticos ao dialogar com seus filhos sobre drogas, sexo, futuro,
etc. Não devem ser frios, inseguros e rígidos ao tratar desses assuntos
polêmicos e nunca devem esquecer que, no caso das drogas, é fundamental
comentar que elas podem provocar a Pior Prisão do Mundo, que podem conduzir
pessoas inteligentes a serem prisioneiras e infelizes no território
da emoção."
17/Janeiro/2003: O PRIMEIRO ENSINAMENTO É O QUE MAIS IMPRESSIONA A PERSONALIDADE "Os
jovens de hoje, com mais de onze anos, sabem mais sobre drogas do que
os pais e a maioria dos professores e, até mesmo, mais do que muitos médicos,
visto que boa parcela da classe médica desconhece que diversos medicamentos
psicotrópicos são drogas passíveis de provocar dependência. Mas os jovens
sabem, porque já ouviram comentários sobre o assunto com outros colegas.
Se
os pais e os educadores não fizerem um debate inteligente sobre as drogas,
as crianças e os jovens aprenderão sobre elas em outros terrenos da sociedade.
Só que aprenderão sem consciência crítica, sem levar em consideração as
conseqüências perigosas podendo, portanto, ser estimulados por elas.
No mundo todo, milhões de jovens iniciam anualmente o
uso de drogas. Eles entram pela porta colorida dos seus efeitos.
Começam pelo cigarro de tabaco, passam por bebidas alcoólicas, usando-as
em doses cada vez maiores, experimentam o lança-perfume e partem para o
uso de maconha e cocaína. Antigamente, a maconha era a porta de entrada
para a cocaína. Hoje, muitos jovens iniciam diretamente o uso de cocaína.
Não sabem que estão correndo o sério risco de perder
o direito de ser livres."
16/Janeiro/2003: O PRIMEIRO ENSINAMENTO É O QUE MAIS IMPRESSIONA A PERSONALIDADE "Vale a pena refletirmos sobre como o aprendizado inicial, as primeiras experiências de vida nas crianças marcam demasiadamente suas personalidades adultas. Podemos
transportar esse mesmo princípio para as drogas. Aquilo que as crianças
e adolescentes ouvirem e aprenderem a respeito irá construir um conceito,
um significado ou representação psicológica das drogas em suas personalidades.
Por isso é que os pais, em hipótese alguma, deveriam
abrir mão da possibilidade de serem os primeiros a conversar sobre as
drogas com seus filhos, de transmitir-lhes seu conceito sobre elas.
para isso, eles precisam de informação e educação, que é o objetivo deste
livro.
Depois
que os jovens aprenderem o conceito social das drogas com os amigos usuários,
cujo compromisso é apenas com o prazer momentâneo, será muito difícil
reestruturá-los.
Do ponto de vista pessoal,
acho que os pais devem dialogar com os filhos sobre as drogas quando
eles têm entre sete e onze anos de idade, pois, a partir de
então, é bem possível que já tenham aprendido nas ruas, nos cantos das escolas,
nos clubes, etc. Fundamentado na importância do aprendizado inicial
é que advogo que os pais devem dialogar com seus filhos sobre as drogas,
incluindo o cigarro de tabaco e o álcool, a partir dos
sete anos de idade."
15/Janeiro/2003: O PRIMEIRO ENSINAMENTO É O QUE MAIS IMPRESSIONA A PERSONALIDADE "A
memória de uma criança é como uma folha em branco, pronta para
ser escrita, embora aos sete anos de idade uma criança já tenha milhões
de experiências arquivadas. Por isso, a primeira 'impressão' registrada
pelo fenômeno RAM, o primeiro ensinamento ou conceito que ela ouve
e assimila sobre um determinado assunto é o que mais
impressiona a personalidade e incorpora-se a ela.
Por
exemplo, existem jovens e adultos, principalmente do sexo feminino, que
têm verdadeiro pavor, pânico, de baratas ou de ratos. Isso porque
essas pessoas, quando crianças, ouviram palavras e presenciaram comportamentos
de suas mães ou de outros adultos que apontavam as baratas e os pequenos
ratos como animais terríveis e ameaçadores. O que
ficou na memória não é a dimensão real das baratas e dos ratos, mas o
significado da dimensão, conforme mecanismos que já citei.
Se, ao contrário, essas crianças tivessem sido ensinadas
pelos adultos que as baratas e os ratos são apenas e simplesmente animais
anti-higiênicos, certamente, quando crescessem, não mostrariam pavor
diante deles. Já tive diversos pacientes, inclusive duas educadoras,
que não podiam entrar num ambiente onde houvesse uma lagartixa. O problema
não era o pequeno réptil de fora, mas o 'enorme réptil' registrado dentro
delas."
14/Janeiro/2003: CAP7 - A PREVENÇÃO NO AMBIENTE FAMILIAR O Diálogo familiar
é a melhor prevenção contra vários males
"Ao tratar deste delicado tema, pretendo mostrar um caminho para os pais estimularem a arte de pensar dos seus filhos e vaciná-los contra o uso de drogas. Tudo o que for dito aqui, pode ser igualmente aplicado na relação professor-aluno. Muitos pais têm grande dificuldade em dialogar com os filhos sobre
temas polêmicos e conflitantes, mas, se não se esforçarem por vencer
essa barreira, os jovens aprenderão esses assuntos com outras pessoas,
em qualquer outro lugar: nas ruas, nas escolas, nos clubes, etc. E, muitas
vezes, esse aprendizado poderá ser distorcido e, até
mesmo, doentio.
Temos
medo de dialogar sobre assuntos dos quais não temos pleno controle.
Temos dificuldades em lidar com nossa ansiedade e estimular o debate
de idéias. Aprender a criar um clima inteligente, aberto e espontâneo
sobre temas complexos e polêmicos estimula a sabedoria
e expande as funções mais importantes da psique.
Os pais e os educadores
deveriam aprender a navegar no território da emoção e a ser
os primeiros a discutir com os jovens sobre temas
ligados ao relacionamento humano, sexo, liberdade social, drogas.
Infelizmente, isto é raro de acontecer e, quando acontece, faltam alguns
ingredientes estimuladores da arte de pensar."
13/Janeiro/2003: GENÉTICA "A carga genética pode permitir a uma pessoa ser mais ou menos sensível aos estímulos do meio ambiente e aos próprios estímulos internos, tais como os seus pensamentos. Notem que as crianças, ao nascer e ao longo dos primeiros meses de vida extra-uterina, já possuem algumas características próprias: algumas são hiperativas e outras bem calmas; algumas são menos reagentes à dor e outras, ao mínimo desconforto, choram; algumas dormem tranqüilamente e outras, simplesmente, não dormem. Essas características têm propensão genética, embora elas também sejam influenciadas por numerosos fatores ocorridos no desenvolvimento fetal. Faltam estudos
à Ciência, mas a influência genética deve estar ligada
aos neurotransmissores cerebrais, que são como funcionários dos
'correios' do cérebro, transmitindo as mensagens de uma célula nervosa
para outra.
Em alguns casos
é possível que haja uma propensão genética para o alcoolismo, mas dificilmente
para outras drogas. Alguns pais alcoólatras podem gerar filhos mais
introvertidos e sensíveis aos efeitos do álcool, mas nem de longe isso quer dizer que serão doentes como seus pais.
Tanto os pais gravemente depressivos como os pais
alcoólatras podem gerar filhos seguros, livres e alegres, principalmente
se o ambiente familiar e educacional estimulá-los
a terem metas, sonhos, projetos de vida e a desenvolver a arte de pensar
e a capacidade de superação de suas frustrações. Por outro lado, se
o ambiente for hostil, agressivo e estressante, ele se associará
à influência genética, podendo contribuir para que alguns filhos também
desenvolvam a depressão e o alcoolismo."
10/Janeiro/2003: GENÉTICA "No campo da neurologia, a carga genética pode provocar alterações metabólicas e deficiências no córtex cerebral, gerando doenças graves, tal como o mongolismo. Na psiquiatria, a carga genética não condena ninguém. Ela não é capaz, por si mesma, de produzir as doenças psíquicas, tais como a depressão, a ansiedade, a psicose, o alcoolismo ou outra dependência química. No máximo, ela pode influenciar o aparecimento dessas doenças. Alguns tipos de
depressão e transtornos psíquicos podem ter uma influência genética; entretanto,
mesmo dois gêmeos idênticos, portanto com a mesma carga genética, podem
ter personalidades totalmente distintas, ainda que sejam filhos de
pais depressivos. Um pode ter crises depressivas e o outro pode ser alegre,
estável e extrovertido. Por que essa discrepância ? Porque as variáveis
que produzem a formação da personalidade são multifocais e combinam-se
de múltiplas maneiras.
A carga genética não define as estruturas mais importantes da inteligência, ou seja, a arte de pensar, a capacidade de uma pessoa trabalhar suas perdas, a habilidade de filtrar os estímulos estressantes, de dialogar sobre seus conflitos, de ter prazer nos eventos da vida, de socializar-se e de construir relações saudáveis. O equipamento genético produz, no máximo, os níveis de sensibilidade emocional e o ritmo do fluxo de energia cerebral em que serão construídas as estruturas da inteligência, produzidas por diversos fenômenos psíquicos e não físicos. Estudei esse assunto ao longo de dezesseis anos e publiquei-os no livro Inteligência Multifocal." 09/Janeiro/2003: DIFICULDADES FINANCEIRAS "Apenas dois universitários responderam que experimentaram drogas por causa de dificuldades financeiras. Apesar de ser uma causa rara entre universitários, é comum nas classes mais pobres. As drogas são utilizadas para aliviar a insegurança, a aflição e os sofrimentos causados pela falta de recursos financeiros mínimos para uma sobrevivência humana digna. É claro que as
drogas não podem e não têm capacidade para produzir alívio psicológico sadio nessas pessoas; pelo
contrário, os problemas aumentam, pois, quando se tornam dependentes,
têm de conseguir muito dinheiro e dinheiro que não possuem, para
financiar a sua dependência.
Se não conseguem mediante trabalho honesto, partem para meios ilícitos,
para a delinqüência, roubos ou se transformam em pequenos traficantes."
08/Janeiro/2003: INFLUÊNCIA
DOS TRAFICANTES 07/Janeiro/2003: PAIS QUE NÃO DIALOGAM "Essa causa apareceu na pesquisa em sexto lugar. Mas será que isso está correto ? Será que a maioria deles tinha consciência, ao responder a pergunta, da importância desse diálogo, de como a falta de comunicação aberta e constante com os pais pode ter contribuído para a sua experiência com drogas ? Creio que não. O diálogo torna as relações humanas um jardim.
Porém, dialogar não quer dizer exatamente conversar. Nas sociedades
modernas o ser humano vive ilhado dentro de si mesmo. A
solidão é silenciosa. Não sabemos falar de nós mesmos, dos nossos
sonhos, dos nossos projetos mais íntimos. Não sabemos discorrer sobre
nossas fragilidades, insegurança e experiências mais silenciosas.
Estamos vivendo
ilhados na sociedade: nunca estivemos tão próximos
fisicamente e tão distantes interiormente; nunca falamos tanto
de coisas que estão fora de nós e nos silenciamos tanto sobre as nossas
experiências mais íntimas. Os jovens, os velhos, os iletrados, os intelectuais,
têm vivido represados no território da emoção. A
crise do diálogo na atualidade é tão grande que, infelizmente,
as pessoas só têm coragem de falar sobre si mesmas quando estão diante
de um psiquiatra ou de um psicoterapeuta.
Por que milhões de pessoas usam
drogas ? As causas, como temos visto, são muitas, mas temos de saber
que dentre elas está a solidão e a crise das relações sociais."
06/Janeiro/2003: O SENTIMENTO DE REJEIÇÃO - 2 "Apesar de, às vezes, não nos darmos conta, várias pessoas que nos rodeiam se sentem rejeitadas, inferiorizadas, motivo pelo qual vivem sempre exigindo uma atenção especial. Tão logo alguém faça um gesto que as desagrade - até mesmo uma simples expressão facial - já se sentem ofendidas. Se fossem mais seguras, não se importariam tanto com as palavras e o comportamento dos outros em relação à sua pessoa. Apesar do sentimento
de rejeição ser comum, há pessoas com sensibilidade maior,
sofrendo muito mais diante de uma situação de rejeição. Dentre essas,
existem aquelas que se sentem tão excluídas, tão rejeitadas no ambiente
social e familiar que todos os comportamentos adversos ao seu redor tornam-se
uma ofensa. Fica difícil estabelecer um relacionamento com esse tipo
de pessoa, devido a sua hipersensibilidade
emocional e, se não revisarem essa característica
de sua personalidade, poderão desenvolver a depressão em alguma etapa
de suas vidas.
Não é difícil
concluir que muitos jovens, hipersensíveis e que se sentem discriminados
socialmente, tentarão encontrar nas drogas um meio
para superar a solidão. Como as drogas não rejeitam ninguém,
estando sempre disponíveis, essas pessoas iniciam com facilidade a
dramática escalada rumo à dependência. Todos já ouvimos falar daquelas
pessoas que, quando começam a consumir bebidas alcoólicas não param mais,
embriagando-se compulsivamente.
É
uma afronta à inteligência discriminar um ser humano, seja pela
cor da pele ou por sua condição, social, financeira e cultural. Todos
temos a dignidade de seres humanos, não devendo nos sentir inferior a
qualquer outro.
Resgatar a auto-estima e o valor real da vida
pode nos vacinar, não apenas contra o uso de drogas, mas contra
uma série de transtornos psíquicos."
03/Janeiro/2003: O SENTIMENTO
DE REJEIÇÃO - 1
"Lembro-me de uma clínica psiquiátrica que conheci na Alemanha, nos arredores de Stuttgart. Na ocasião, enquanto o diretor clínico mostrava-me o seu funcionamento, passamos por um grupo de pacientes farmacodependentes. Um deles comentou com os outros: 'Estão nos visitando como se fôssemos animais num zoológico'. Isso demonstra o quanto alguns usuários de drogas se sentem rejeitados. É preciso ajudá-los, conduzi-los a perceberem que são seres humanos, independentemente de usarem ou não as drogas. A discriminação racial, cultural ou de qualquer espécie é um câncer da sociedade.
A dor que ela provoca é indescritível. Os que se sentem discriminados
podem ter uma motivação a mais para recorrer aos efeitos das drogas como
fator de compensação psíquica.
Sete universitários (na pesquisa 2,8%)
responderam que experimentaram drogas pela primeira vez, porque se
sentiam rejeitados pelas pessoas. Isso, sem dúvida, também está
associado aos problemas do ambiente familiar. Se um jovem está
se sentindo rejeitado, não aceito ou não acolhido pelos membros da
própria família, com os quais tem convivido por tantos anos, certamente também irá sentir-se rejeitado pelas pessoas no
ambiente social, pois, nesse meio, os laços que unem as pessoas são
mais frágeis e temporários.
02/Janeiro/2003: CONFLITOS INTERIORES "Essa foi
a quarta causa apontada pelos universitários que já experimentaram drogas.
Os (3) conflitos interiores e, até certo
ponto, a (2) curiosidade e a (1)
influência dos amigos, estão relacionados com o deficiente processo
de formação da personalidade dos jovens no ambiente familiar moderno.
Os conflitos
interiores de um jovem são muitos e podem
ser traduzidos por problemas sexuais, depressões, fobias, dificuldades
no relacionamento social, insegurança, instabilidade emocional, etc.
Muitos jovens têm sido vítimas de alguma depressão não diagnosticada. Por estarem deprimidos, alguns buscam no efeito das drogas, incluindo o álcool, uma reação antidepressiva; outros, por serem tímidos, buscam a substância psicotrópica como facilitadora das relações sociais; outros ainda, em virtude de conflitos com os pais, procuram nas drogas um mecanismo de contestação e fuga. Enfim, os conflitos psíquicos podem abrir as comportas da psique, tornando-os mais vulneráveis, ou seja, menos resistentes ao uso de drogas. Os
sofrimentos humanos, quando bem trabalhados, tornam-se uma ferramenta
que lapida a alma e estimula a sabedoria. Infelizmente, o
uso de drogas reprime a ação e a consciência do 'eu',
resultando no definhamento da capacidade e da habilidade de uma
pessoa para trabalhar as experiências dolorosas.
Não há pior remédio para a dor que escondê-la, maquiá-la ou
anestesiá-la, por meio do efeito psicotrópico das drogas.
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