BREVE HISTÓRIA
DE SALTO
A região onde se insere a cidade de
Salto está entre as primeiras no processo de penetração
do território, desde a segunda metade do século
XVI. Registros históricos
dão conta da presença de uma aldeia dos índios
guaianás ou guaianazes, do tronco Tupi-Guarani, nas imediações
da cachoeira, à qual chamavam Ytu
Guaçu, Salto Grande em língua nativa. Esses
índios, assim como outros das margens do Tietê,
foram repelidos ou aprisionados nas investidas das primeiras
bandeiras paulistas, que os levaram para abastecer de mão-de-obra
as roças nas vilas do planalto.
O rio Tietê foi, desde o início,
indicador natural de caminhos para exploradores, missionários
e autoridades coloniais. A cachoeira, hoje cercada pelo centro
da cidade de Salto, aparece em mapa primitivo do governador
espanhol Luís de Céspedes Xeria, nos primeiros
anos do século XVII. Também ao seu redor a grande
bandeira de Nicolau Barreto, em 1601,
aldeou grande número de indígenas cativos. E foi
a uma légua do salto que Domingos Fernandes e seu genro,
Cristóvão Diniz, saídos de Santana de Parnaíba,
fundaram o povoado de Nossa Senhora da Candelária do
Ytu Guaçu, a atual cidade de Itu, em 1610.
Já no final do século XVII, o
atual território de Salto era uma propriedade particular,
o Sítio Cachoeira, parte de sesmaria da Capitania de
São Vicente, adquirido pelo capitão
Antônio Vieira Tavares (sobrinho do bandeirante
Raposo Tavares) e de sua mulher, Maria Leite (filha de Borba
Gato). O capitão obteve permissão para construir
e mandar benzer uma capela em seu sítio, que o livrasse
de ir a Itu para assistir missa. A bênção
do templo e a primeira celebração deram-se em
16 de junho de 1698, data que é
considerada como a de fundação da cidade de Salto.
Por disposição testamentária, no ano de
1700, o casal fez a doação de suas terras, escravos
e índios à Capela de Nossa Senhora do Monte Serrat.
A localidade, com poucas casas e lavoura circundante, permaneceria
por bom tempo na condição de bairro rural da vila
de Itu.
Com o descobrimento de ouro em Cuiabá,
no início do século XVIII, a região ituana
funcionou como trampolim para aquelas regiões interiores
da colônia. Nos seus arredores eram organizadas as monções,
expedições fluviais que abasteciam de víveres
as minas, levavam e traziam homens e garantiam o fluxo do ouro.
Parte dos capitais gerados com a atividade mineradora foi aplicada
na compra de terras, escravos negros, plantio de vastos canaviais
e montagem de engenhos, a partir de meados do século
XVIII. O povoado de Salto de Ytu,
como então se chamava, passou a integrar o quadrilátero
do açúcar (delimitado por Mogi-Guaçu, Jundiaí,
Sorocaba e Piracicaba), a mais rica região produtora
daquele produto em São Paulo, situação
que se estendeu pela primeira metade do século XIX. Nesta
altura, havia mais de quatrocentos engenhos de açúcar
e aguardente em São Paulo, cem dos quais na região
ituana.
Foi o capital acumulado com a lavoura da cana-de-açúcar
e, em menor escala, do café e do algodão, que
propiciou o despertar do lugarejo, na segunda metade do século
XIX. A posição geográfica privilegiada,
junto à queda dágua, foi fator decisivo
para os primeiros investimentos fabris, assim como a chegada
da ferrovia, com a instalação dos trilhos da Companhia
Ituana de Estrada de Ferro, em 1875.
Nesse mesmo ano, o empresário José Galvão
da França Pacheco Júnior inaugurou a primeira
fábrica de tecidos na margem
direita do Tietê, batizando-a de Júpiter. Pouco
depois, em 1882, o Dr. Francisco Fernando de Barros Júnior,
político republicano cognominado Pai dos Saltenses, inaugurou
a sua tecelagem, à qual deu o nome de Fortuna, poucos
metros mais abaixo daquela pioneira. Em 1885, seria a vez da
Fábrica de Meias de José P. Tibiriçá,
e, em 1887, a Fábrica de Tecidos Monte Serrat, de Octaviano
Pereira Mendes. Ainda no último ano da monarquia, 1889,
inaugurava-se na margem oposta do rio a primeira fábrica
de papel da América Latina, de Melchert &
Cia.
A esse despertar industrial correspondeu o
aporte de trabalhadores europeus,
desviados em parte da lavoura do café e de outros produtos.
No caso saltense, foram sobretudo italianos, atraídos
em grande número pelas tecelagens, mas fixando-se também
em pequenas propriedades rurais e no comércio miúdo
pela cidade. Mesmo o capital italiano se fez presente, já
que as duas fábricas pioneiras acabaram se aglutinando
numa unidade maior e transferindo-se para a propriedade de europeus,
através da Societá Per LIndustria e Comercio
Ítalo-Americana. Pouco depois, em 1919, esta daria lugar
à Brasital, indústria que marcou a vida da comunidade
por décadas, como maior empregadora e responsável
pelo surgimento de vilas operárias e de todo um modo
de vida, com profundas raízes na cultura local.
No campo político, a chegada da República coincidiu
com a separação do município de Itu, passando
a cidade a ter autonomia administrativa. O nome foi simplificado
para Salto já em 1906.
A entrada do século XX trouxe mais indústrias
e benefícios como a iluminação elétrica,
os serviços de água e esgoto, telefone, o primeiro
grupo escolar, bandas de música e a segunda usina hidrelétrica
instalada no rio Tietê, a de Lavras, construída
a partir de 1904. Pelos anos seguintes,
a cidade, dada a concentração de indústrias,
passa a merecer o apelido de Pequena Manchester
Paulista, em referência ao centro industrial britânico.
Um segundo surto industrial verificou-se na
década de 1950, quando isenções
de impostos atraíram empresas de porte considerável
para a época, como a Eucatex, Emas, Picchi e Sivat, que
juntas chegaram a oferecer mais de 3.500 empregos, firmando
de vez o perfil industrial da cidade. Esse caminho teve seguimento
já nos anos 1970, com a
criação de distritos industriais e novos incentivos
à vinda de indústrias. Cerca de vinte unidades
se instalaram no município, justificando a chegada de
grandes contingentes de migrantes provenientes de vários
estados da Federação, com destaque para os paranaenses.
O surgimento de novos bairros, em ritmo acelerado, alterou a
paisagem e, em grande parte, o ritmo de vida e as características
sócio-culturais da cidade.
Ao entrar no século
XXI, Salto conta com mais de 98% de sua população
(de aproximadamente 103 mil habitantes) na zona urbana. Embora
boa parte dos empregos esteja nos setores de serviços
e comércio, a cidade não perdeu sua característica
industrial, concentrando dezenas de empresas nos seus distritos
industriais, espalhados no pequeno território de 160
km². Existem na cidade importantes empresas de vários
segmentos, como o metalúrgico, o automotivo, de mineração,
cerâmico, químico, têxtil, de papel, moveleiro,
etc, mas também se transformou em
Estância Turística pela Lei Estadual 10.360
de 02 de Setembro de 1999.
Dois centros universitários atraem estudantes
de mais de cinqüenta cidades. Além disso, um claro
perfil turístico já explorado superficialmente
no passado passa a merecer atenção crescente,
com a instalação de três parques municipais,
que somam-se a outros atrativos, como a cachoeira, o Monumento
à Padroeira, museu, concha acústica e jardins.
Esse conjunto de possibilidades garantiu à cidade o título
de Estância Turística, que remete a novos caminhos
de crescimento e progresso.
O Aniversário
de SALTO é comemorado no dia 16
de Junho.
Fonte: PM SALTO