MENSAGENS / POESIAS

* DEZEMBRO/2003 *



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02/Dezembro/2003:

"O PROFESSOR ATEU E SEUS ALUNOS"

Um professor ateu desafiou seus alunos com esta pergunta:
Deus fez tudo o que existe?
Um estudante respondeu corajosamente:
- Sim, fez!
- Deus fez tudo, mesmo?
- Sim, professor - respondeu o jovem.
O professor replicou:
- Se Deus fez todas as coisas, então Deus fez o mal, pois o mal existe,
e considerando-se que nossas ações são um reflexo de nós mesmos, então
Deus é mal.
O estudante calou-se diante de tal resposta e o professor, feliz, se
vangloriava de haver provado uma vez mais que a Fé era um mito. Outro levantou sua mão e disse:
- Posso lhe fazer uma pergunta, professor?
- Sem dúvida, respondeu-lhe o professor.
O jovem ficou de pé e perguntou:
- Professor, o frio existe?
- Mas que pergunta é essa? Claro que existe, você por acaso nunca
sentiu frio?
O rapaz respondeu:
- Na verdade, professor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que
consideramos frio, na realidade é ausência de calor. Todo corpo ou objeto pode ser estudado quando tem ou transmite energia, mas é o calor e não o frio que faz com que tal corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Criamos esse termo para descrever como nos sentimos quando nos falta o calor
- E a escuridão, existe? - continuou o estudante.
O professor respondeu:
- Mas é claro que sim.
O estudante respondeu:
- Novamente o senhor se engana, a escuridão tampouco existe. A
escuridão é na verdade a ausência de luz. Podemos estudar a luz, mas a escuridão
não.
O prisma de Newton decompõe a luz branca nas várias cores de que se
compõe, com seus diferentes comprimentos de onda. A escuridão não. Um simples raio de luz rasga as trevas e ilumina a superfície que a luz toca. Como se faz para determinar quão escuro está um determinado local do espaço? Apenas com base na quantidade de luz presente nesse local, não é mesmo? Escuridão é um termo que o homem criou para descrever o que acontece quando não há luz presente.
Finalmente, o jovem estudante perguntou ao professor:
-Diga, professor,o mal existe?
Ele respondeu:
-Claro que existe. Como eu disse no início da aula, vemos roubos, crimes e violência diariamente em todas as partes do mundo, essas coisas são o mal.
Então o estudante respondeu:
- O mal não existe, professor, ou ao menos não existe por si só.
O mal é simplesmente a ausência de Deus. É, como nos casos anteriores, um termo que o homem criou para descrever essa ausência de Deus. Deus não criou o mal.
Não é como a Fé ou o Amor, que existem como existe a Luz e o Calor. O mal resulta de que a humanidade não tenha Deus presente em seus corações. É como o frio que surge quando não há calor, ou a escuridão que acontece quando não há luz.
Por instantes houve um silêncio na sala, e o primeiro aluno começou a aplaudir, contagiando toda a classe.

( Anônimo - gentileza de Celio Santos de Carvalho )

03/Dezembro/2003:

"AMAR E SER AMADO"

"Amar e ser amado! Com que anelo
Com quanto ardor este adorado sonho
Acalentei em meu delírio ardente
Por essas doces noites de desvelo!

Ser amado por ti, o teu alento
A bafejar-me a abrasadora frente!
Em teus olhos mirar meu pensamento,
Sentir em mim tu'alma, ter só vida
P'ra tão puro e celeste sentimento:

Ver nossas vidas quais dois mansos rios,
Juntos, juntos perderem-se no oceano -,
Beijar teus dedos, em delírio insano
Nossas almas unidas, nosso alento,
Confundido também, amante - amado -
Como um anjo feliz ... que pensamento !?

( Castro Alves - 'Biografia' - 1847/1871 )

04/Dezembro/2003:

"VENTUROSA DE SONHAR-TE"

"Venturosa de sonhar-te,
à minha sombra me deito.
(Teu rosto, por toda parte,
mas, amor, só no meu peito!)

- Barqueiro, que céu tão leve!
Barqueiro, que mar parado!
Barqueiro, que enigma breve,
o sonho de ter amado!

Em barca de nuvem sigo:
e o que vou pagando ao vento
para levar-te comigo
é suspiro e pensamento.

- Barqueiro, que doce instante!
Barqueiro, que instante imenso,
não do amado nem do amante:
mas de amar o amor que penso!

( Cecília Meireles - Soc. dos Poetas Mortos - 1901/1964 )

05/Dezembro/2003:

"O POETA E A POESIA"

"Não é o poeta que cria a poesia.
E sim, a poesia que condiciona o poeta.
Poeta é a sensibilidade acima do vulgar.
Poeta é o operário, o artífice da palavra.
E com ela compõe a ourivesaria de um verso.

Poeta é ser ambicioso, insatisfeito,
procurando no jogo das palavras,
no imprevisto texto, atingir a perfeição
inalcançável.

O autêntico sabe que jamais
chegará ao prêmio Nobel.
O medíocre se acredita sempre perto dele.
Alguns vêm a mim.
Querem a palavra, o incentivo, a apreciação.
Que dizer a um jovem ansioso na sede precoce
de lançar um livro ...

Tão pobre ainda a sua bagagem cultural,
tão restrito seu vocabulário,
enxugando lágrimas que não chorou,
dores que não sentiu,
sofrimentos imaginários que não experimentou.

Falam exaltados de fome e saudades, tão desgastadas
de tantos já passados.
Primário nos rudimentos de sua escrita
e aquela pressa moça de subir.
Alcançar estatura de poeta, publicar um livro.

Oriento para a leitura, reescrever,
processar seus dados concretos.
Não fechar o caminho, não negar possibilidades.
É a linguagem deles, seus sonhos.
A escola não os ajudou, inculpados, eles.

Todos nós temos a dupla personalidade.
O id e o ego.
Um representa a sua vida física, material
completa.
Pode ser brilhante, enriquecida de valores que
ajudam a ser felizes,
pode ser angustiada e vacilante, incerta,
insatisfeita.
Mesmo possuindo o que deseja, nada satisfazendo.

O id representa sua vida interior, paralela,
ambivalente,
exercendo seu comando em descargas nervosas,
no eterno conflito entre a razão e o impulso
incontrolado.

Dupla vida inter e extra, personalidade se
contrapondo.
Pode ser trivial e dependente, podemos fazê-la
rica e cheia de nobreza,
nos valendo da força incomensurável do pensamento
positivo
emanado da vida interior que é o nosso mundo,
invisível a todos, sensível ao nosso ego.

Há sempre uma hora maldita na vida de um homem.
Pode levá-lo ao crime e às paredes sombrias de uma
cela escura.
Um curto circuito nas suas baterias carregadas,
uma descarga nas linhas de transmissão potencial.
Daí, fatos aberrantes que surpreendem.
Conclusões demolidoras de um passado brilhante.

( Cora Coralina - Soc. dos Poetas Mortos - 1889/1985 )

08/Dezembro/2003:

"O RELÓGIO"

"Os chineses vêem as horas pelos olhos dos gatos.
Certo dia, um missionário, passeando no distrito de Nanquim, notou que havia
esquecido o relógio e perguntou as horas a um rapazinho.
Ao primeiro instante, o garoto do Celeste Império hesitou; depois, pensando
melhor, respondeu:
- Vou dizer.

Decorridos alguns momentos, reaparecia, segurando nos braços um gato muito
gordo; e, fitando o animal, como se usa dizer, no branco do olho, afirmou sem
hesitação:
- Ainda não é exatamente meio dia.
E era verdade.

Por mim, ao inclinar-me para a bela Felina, a de nome tão adequado, aquela que é
ao mesmo tempo a honra do seu sexo, o orgulho do meu coração e o perfume do
meu espírito, - quer de noite, quer de dia, em plena luz ou na sombra opaca, no
fundo de seus olhos adoráveis vejo sempre, nitidamente, a hora, sempre a
mesma, uma hora vasta, solene, grande como o espaço, sem divisões de minutos
nem de segundos, uma hora imóvel que não é marcada nos relógios, e
todavia leve como um suspiro, rápida como um olhar.

E, se algum importuno me viesse interromper enquanto o meu olhar repousa
sobre este delicioso relógio, se algum Gênio descortês e intolerante, algum
Demônio do contratempo me viesse dizer: -'Que é que estás a mirar com
tamanha atenção? Que buscas nos olhos dessa criatura? Vês acaso neles a hora,
mortal prodígio e vagabundo?'
- Eu responderia sem hesitar: - 'Sim, vejo a hora: é a Eternidade.'

Pois não é, senhora, que fiz um madrigal verdadeiramente meritório e tão cheio de
ênfase quanto vós mesma? Na verdade tive tanto prazer em bordar esta preciosa
galanteria que não vos pedirei nada em troca."

( Charles Baudelaire - Soc. dos Poetas Mortos - 1821/1867 )

09/Dezembro/2003:

"QUERO ESCREVER O BORRÃO VERMELHO DE SANGUE"

"Quero escrever o borrão vermelho de sangue
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
Que não me entendam
pouco-se-me-dá.

Nada tenho a perder.
Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,
não dei.

Mas aqui vai o meu berro
me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.

Quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder."

( Clarice Lispector - Soc. dos Poetas Mortos - 1925/1977 )

10/Dezembro/2003:

"ANNAN DEFENDE A PAZ E IGUALDADE NO DIA DOS DIREITOS HUMANOS"

"Numa mensagem, por ocasião do Dia dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, o Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, saúda os defensores dos direitos humanos em todos os países, apontando na direção de um mundo onde a dignidade, a igualdade e os direitos inalienáveis do homem sejam plenamente respeitados.

- Os defensores dos direitos humanos esforçam-se em salvaguardar o primado do direito, reduzir a violência, a pobreza e a discriminação, construindo estruturas sociais mais livres, eqüitativas e democráticas, disse Annan.

O Secretário-Geral da ONU prestou também sua homenagem ao brasileiro Sérgio Vieira de Mello, Alto Comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos, que morreu juntamente com outros 21 funcionários, no ataque à bomba contra as instalações da ONU em Bagdá, em 19 de agosto.

Kofi Annan, que considerou a morte de Vieira de Mello como um duro golpe para a ONU e seus princípios, exortou todas as pessoas no mundo a defender e promover a causa dos direitos humanos.

- A defesa dos direitos humanos não cabe apenas a pessoas intrépidas e corajosas. É uma responsabilidade, coletiva, de todos, concluiu Kofi Annan.

( Kofi Annan - Secretário-Geral da ONU - 10/DEZ/2003 )

11/Dezembro/2003:

"PRONUNCIAMENTO DO EMBAIXADOR BRASILEIRO NA
CÚPULA MUNDIAL SOBRE A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO"

"Senhor Presidente, senhores delegados, senhores representantes da sociedade civil, eu queria em primeiro lugar agradecer ao governo suíço pela organização desta primeira fase da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação. Eu queria agradecer vivamente ao ministro Samassekou, presidente do comitê preparatório que tem se dedicado de forma extraordinária ao êxito dessa reunião. Eu queria também cumprimentar a todos os delegados pela elaboração da Declaração de Princípios e do Plano de Ação.

Senhor Presidente, hoje comemoramos o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, dia 10 de Dezembro, e esta Cúpula da Sociedade da Informação está diretamente vinculada a esperança de fazer triunfar no mundo os direitos humanos em todas as suas dimensões, políticas, sociais e econômicas.

Temos, aqui hoje, a primeira fase da Cúpula da Sociedade da Informação, primeira cúpula das Nações Unidas do Século XXI e temos diante de nós um grande desafio: a idéia de que as novas tecnologias no campo das comunicações e as tecnologias da informação, combinadas, poderiam contribuir de forma muito importante para inaugurar uma nova Sociedade da Informação, mais justa, mais próspera, mais democrática, que seria baseada no conhecimento.

É necessário lembrar que para que isso possa contribuir para que as tecnologias da informação e das comunicações possam contribuir para essa meta, seria necessário que elas viessem a operar de forma a garantir o acesso amplo de todos os segmentos da sociedade, tanto desenvolvida como em desenvolvimento, com seus benefícios e que elas pudessem contribuir também para superar a divisão de renda, as diferenças de distribuição de renda no mundo entre países e dentro dos países. Assim como há uma divisão digital, há muito vinculada a ela, uma divisão de renda, de riqueza. É preciso que as normas que protegem a propriedade intelectual também contribuam e não sejam restritivas à construção dessa sociedade, mas contribuam para construir essa sociedade.

É preciso também que aquelas populações e segmentos com dificuldades no acesso ao software e às novas Tecnologias de Informação, possam se beneficiar com o software livre, além disso é necessário que os países em desenvolvimento não sejam apenas consumidores das novas tecnologias, mas possam também vir a ser geradores de tecnologias de informação e comunicação.

É preciso que essa nova sociedade, que as novas normas, que os novos projetos contribuam para que todos possam participar de forma ativa, e não apenas passiva, dessa nova sociedade que se deseja criar. Para isso é preciso, para superar a divisão digital e a divisão de renda, é preciso que as novas tecnologias contribuam firmemente para a geração de empregos e sabemos que as tecnologias novas na área da informação, ao reorganizar profundamente todas as atividades produtivas, muitas vezes contribuem para gerar desemprego. É necessário que haja uma transformação, é necessário que sejam colocadas em prática políticas que façam que as novas tecnologias gerem empregos. Dificilmente teremos uma nova sociedade, baseada no conhecimento e na inclusão, se ela também não gerar empregos na medida necessária.

Realmente uma nova sociedade da informação ela terá que ser democrática, e para isso o Brasil considera de grande importância que haja uma governança mundial democrática, em especial no sistema da Internet.

Nós estamos, o governo brasileiro, o Brasil, empenhados profundamente, a nível nacional, para fazer com que as novas tecnologias da informação sejam realmente uma política pública e inclusiva, que inclua todos os setores da sociedade, em especial aqueles que normalmente não teriam acesso, aqueles menos privilegiados, os jovens, as mulheres e assim por diante. Nós temos uma posição, o Brasil, uma posição singular no campo da tecnologia da informação e das comunicações, não estamos certamente no nível dos países mais desenvolvidos, mas atingimos um certo grau de desenvolvimento que nos permite, de um lado cooperar com os países que ainda não atingiram este nível, de forma aberta, de forma generosa e ao mesmo tempo lutar para que as normas que venham a ser criadas a nível internacional, no campo da tecnologia da informação e das comunicações, sejam normas que realmente venham a superar a diferença entre os países.

Queria, muito especialmente, agradecer ao governo da Tunísia, que é onde se realizará a segunda fase da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação e dizer que o meu governo estará fazendo todos os esforços para que essa segunda fase seja plenamente ditosa e para isso trabalharemos arduamente a nível regional para que isso possa ocorrer. Senhor presidente, queria agradecer, em nome do governo brasileiro, a todos aqueles que trabalharam na organização dessa primeira fase e queria desejar a todos muito êxito nesse período que vai de agora até Tunis. Muito Obrigado a Todos.

( Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto - Ministérios das Relações Exteriores do Brasil - 10/DEZ/2003 )

12/Dezembro/2003:

PRONUNCIAMENTO DO MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES DO PERU"
NA CÚPULA MUNDIAL SOBRE A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
(trecho do discurso)

"... 6) Esse otimismo, hoje em dia, é menos generalizado. É certo que o processo de globalização favorece o crescimento econômico e o desenvolvimento, e possui uma potencialidade apreciável para erradicar a pobreza no Século XXI. Mas não é menos certo, por outro lado, que nossa era é testemunha dos crescentes desequilíbrios e expectativas frustradas que afetam, em geral, os mais vulneráveis.

7) É certo que, embora com altos e baixos, se vem produzindo, desde a década passada, um aumento seletivo do comércio, da produtividade, dos investimentos estrangeiros e da expansão dos meios de comunicação. Todavia, também é certo que se acentuaram as assimetrias, tanto a nível internacional e regional, como no interior de cada um de nossos países.

8) O PERU está convencido de que as tecnologias da informação e comunicação são valiosas ferramentas, que podem e devem ser utilizadas para alcançar as metas de desenvolvimento social e econômico. Temos que reconhecer a íntima relação entre o desenvolvimento e difusão destas tecnologias, por um lado, e a superação da pobreza e suas seqüelas de exclusão, por outro. As estratégias para reduzir a brecha digital estão intimamente vinculada às estratégias para alcançar os objetivos de desenvolvimento econômico, social e cultural da Declaração do Milênio.

Senhor Presidente:

No marco do Acordo Nacional, subscrito pelos principais atores políticos e sociais do meu país, a promoção da livre difusão das idéias e da informação constitui um de seus principais pontos e seu objetivo é que todas as pessoas devem ter acesso a informação e a possibilidade de se comunicar. O Direito à liberdade de expressão e de opinião, tem que ser preservado, assim como o direito cidadão de dispor de uma informação plural e independente.

10) O PERU apóia e exige o respeito e a promoção da diversidade cultural na Sociedade da Informação. Cremos que as novos tecnologias podem contribuir para ampliar e aprofundar o tão necessitado diálogo entre as civilizações. Para isto é necessário propiciar, não somente a circulação das informações que o ciberespaço possui, mas também a criação de conteúdos locais que permitam fomentar uma saudável diversificação cultural, que ao mesmo tempo que nos aproxime, assegure a identidade de nossos povos. A promoção do multilinguismo e da diversidade cultural não pode estar ausente em uma Sociedade da Informação inclusiva e includente como a que queremos.

11) Todo o esforço destinado a reduzir o abismo digital e a difundir as tecnologias necessárias ao desenvolvimento, somente terão êxito se contarem com o concurso de todos os atores políticos, os empresários, a sociedade civil, as instituições financeiras, a comunidade científica, os governos, os organismos internacionais (...)

( Eduardo Iriarte Jiménez - Ministro de Transp. e Com.do PERU - 12/DEZ/2003 )

15/Dezembro/2003:

"O JARDINEIRO E A FLOR"

"Entristeci quando pensei que
em meu pequenino canteiro
não querias como flor brotar,
e que outro jardineiro escolhias para de ti cuidar,
te orvalhar, com novo sol à te aquecer.
Te segui mas não te vi,
eras pequenina semente na terra
à nascer ...

Vi um ser com muito amor e carinho
à terra chegando.
Carrocéis de luzes te acompanharam
e energias doaram em tua descida,
bem guardada da escuridão, e à luz despertastes.
Em tuas pequeninas mãos
uma espada de luz foi colocada.
Nunca para destruir, mas para caminhos de luzes abrir.
Energias distribuir em ondas de paz.
Uma missão delegada.

Delas mimosas flores partiriam, no universo as lançarias,
e como gotas de luz energizadas seguiriam.
Um grande jardim escolhestes
para semear, cultivar e orvalhar
do fogo da Terra forças captastes
e do astral a sintonia levastes

Aprendestes a plantar e bem cultivar
Uma jardineira te tornastes ...
Sabes que o amor mais rápido faz
as flores surgirem, os frutos mais doces ficarem.
E as rosas, jasmins e cravos, seu aroma
longas distâncias alcançarem.

As ervas daninhas também vão
entre suas flores teimar em nascer.
Nelas se enroscando, espaço querendo disputar.
Deves ensiná-las à sozinhas se defenderem,
crescendo e sombras fornecendo,
às ervas mostrando que também
podem ao universo ajudar, oxigênio doando,
não somente florescendo.
Importantes também são.
O mundo precisa de muito verde para viver.
Não somente de flores para a vida encantar.

Saberás às tuas flores indicar,
o nascer e o por do sol, onde energias
irão buscar para mais fortes ficarem
e os temporais enfrentarem.
Nunca te desvies, nem esqueças de
quem te ajuda na semeadura e colheita
Mas só tu vais poder,
tuas sementes escolher, semear e colher.

Teu jardineiro, que de ti cuidou como flor.
Te amou do nascer ao anoitecer
e com muito amor te regou."

( Maju - pela pena espiritual de Livio - Tahyane-2000 )

16/Dezembro/2003:

"OUVIR ESTRELAS"

"'Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!' E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: 'Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?'

E eu vos direi: 'Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.' "

( Olavo Bilac - Poesias/ Via-Láctea - 1865/1918 )

17/Dezembro/2003:

"UM CERTO CAPITÃO RODRIGO"
- trecho do comentário acerca da introdução -

"(...) Torno a bater. Ouço uma voz opaca: "Pode entrar!" Entro. O escritor está sentado a uma mesa em cima da qual vejo uma pilha de papéis, alguns livros e um pequeno pote de cerâmica cheio de lápis coloridos. Com as mãos ainda suspensas sobre o teclado da máquina, como um pianista interrompido em meio da interpretação duma sonata, o Outro me lança um olhar interrogador. Eu não me lembrava de que em 1948 a sua face era tão carnuda nem que a sua cabeleira era ainda abundante e negra, apenas com escassos fios prateados. O homem traja um desses casacos de esporte de tweed, pelos quais sempre teve um certo fraco, e está engravatado.

Ergue-se, franzindo a testa e alçando uma das bastas sobrancelhas. Estende-me a mão, que aperto, e resmunga duas ou três palavras que não consigo ouvir direito. - Aposto como não está me reconhecendo... - arrisco. - Sua fisionomia me é tão familiar que eu poderia até concluir que é pessoa da minha família. Sente-se, por favor. Como é mesmo o seu nome? - Nascemos na mesma cidade - explico, sentando-me. - Temos a mesma mãe, o mesmo pai, a mesma profissão... Em suma, eu sou você, apenas muito mais velho. - Quer dizer então que vem do futuro? Sacudo a cabeça afirmativamente.

Se o meu interlocutor fosse um lógico ou simplesmente um homem de bom-senso, com toda a certeza me chamaria de impostor e diria que ninguém pode voltar do futuro. Como, porém, é um criador de ficções, acredita logo nas minhas palavras sem a menor expressão de surpresa. Contempla-me com uma certa curiosidade em que noto uma esquisita mescla de afeto, piedade e apreensão. - De que ano vem? - 1970. - Ah! Isso de certo modo me alegra e tranqüiliza. Você sabe que na nossa família os homens do lado paterno não duram muito. Nosso avô não atingiu os sessenta anos. Nosso pai morreu aos cinqüenta e quatro. Às vezes me pergunto se vou chegar à casa dos sessenta. Agora posso ter a certeza.

Põe-se a examinar-me com uma atenção e uma intensidade que me causam mal-estar. - Você está diferente... Por fora, quero dizer. - E por dentro também. Perde-se e ganha-se alguma coisa nessa viagem no tempo. - Você diria que se perde mais do que se ganha? - Eu não diria nada. Não quero me comprometer. Nem ser insincero. Nem assobiar no escuro. - Perdoe-me se pareço presumido ou indelicado. Mas assim à primeira vista minha conclusão é a de que a gente mais perde do que ganha...

- Pois é. Estou quase lhe pedindo desculpas por ter envelhecido, como se o único responsável por isso fosse eu. Você sabe muito bem que ninguém dura impunemente, e que o preço da sobrevivência é o envelhecimento. - Essas palavras são minhas. Não me lembro onde as escrevi. - Todo escritor, dentro de certa medida, tem o direito de autoplagiar-se. Já que estamos discutindo assuntos de sobrevivência, sinto um ímpeto de aconselhar ao Outro que perca pelo menos cinco quilos, que consulte um cardiologista, que comece o quanto antes a fazer dieta e exercícios físicos, - boas caminhadas diárias - e que, acima de tudo, tome muito cuidado com o ano de 1961 (...)

( Érico Veríssimo - Poesias/ Via-Láctea - 1905/1975 )
Click aqui e leia na íntegra

18/Dezembro/2003:

"COMPOSIÇÃO"

"Duas mulheres juntas
Formam desenhos dúbios.

Se numa só há tantas
As duas serão quantas?

Uma na outra transforma
E misturando as formas

No mesmo luar as banho,
Metamorfoses sonho.

Todas parecem uma
A quem a todas ama."

( Dante Milano - Soc. Poetas Mortos - 1899/1991 )

19/Dezembro/2003:

"EXÍLIO"

"Hoje, sonhei que estava lá
Lá pr'além dos Andes
Lá, longe dos meus,
Naquela fria, alheia, terra estrangeira.
Não estava lá por livre escolha minha.
Estava proscrito, exilado
Botado fora. Desterrado por vontade alheia.
Mas nunca saí de mim, daqui.

Todo tempo, eu sabia, me doía saber
Que assaltaram minha Pátria,
M'a roubaram. Cidadão sou de Pátria proibida.
Errando mundo afora, em pátrias alheias.

Nesta dor da terra ausente, consolava
Levá-la no peito, gemendo, noite e dia,
Gastando meu escasso tempo de viver
Nesta agonia arfante de saudade."

( Darcy Ribeiro - Soc. Poetas Mortos - 1922/1997 )

22/Dezembro/2003:

"A NOITE DO MEU BEM"

"Hoje, eu quero a rosa mais linda que houver
E a primeira estrela que vier
Para enfeitar a noite do meu bem.

Hoje, eu quero a paz de criança dormindo
E o abandono das flores se abrindo
Para enfeitar a noite do meu bem.

Quero a alegria de um barco voltando
Quero a ternura de mãos se encontrando
Para enfeitar a noite do meu bem.

Ah! Eu quero o amor mais profundo
Eu quero toda a beleza do mundo
Para enfeitar a noite do meu bem.

Ah! Como esse bem demorou a chegar
Eu já nem sei se terei no olhar
Toda a ternura que eu quero lhe dar."

( Dolores Duran - Soc. Poetas Mortos - 1930/1959 )

23/Dezembro/2003:

"NOSSOS MELHORES VOTOS DE
UM FELIZ NATAL"

Prezados(as),

Nós, do Portal Nosso São Paulo, desejamos a todos os nossos amigos e amigas, aos nossos parceiros e parceiras, que muito nos têm ajudado na construção deste belo projeto da internet brasileira, e mesmo àqueles que nos testaram a paciência neste ano, as Melhores Festas de NATAL, extensivas a todos os familiares. Que possamos nos lembrar do REAL aniversariante, JESUS, o 'Mestre dos Mestres' e, em sua homenagem, atendendo ao seu apelo no inolvidável 'Amai-vos uns aos outros...', procurarmos manter o ambiente no qual estivermos em completa harmonia, num clima de júbilo e muita alegria!

Agradecemos, muitíssimo, a todos!

Feliz Natal, Muita Paz e Muita Luz,

Engº Celio Franco - Gestor
Álamo Tecnologia
Portal Nosso São Paulo

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29/Dezembro/2003:

"COPIN: PRELÚDIO Nº4"

Do fundo do salão vem-me o seu pranto sobre-humano,
como do fundo irreal de um desespero hoje olvidado:
dir-se-ia que estes sons têm um tom de ouro avioletado;
há um anjo a desfolhar lírios de sombra sobre o piano.

Doce prelúdio! Que ermo e doloroso desengano
fala, através do seu vago perfume de passado?
Sobre Chopin a noite abre o amplo manto constelado:
um delírio de amor anda por tudo, insone, insano!

Em cada nota solta há como um lânguido lamento.
- Oh, a doçura de sentir que o teu olhar, perdido,
sonha, recorda e sofre, ao doce ritmo vago e lento!

E o silêncio! E a paixão que abre em adeus as mãos absortas!
E o passado que volta e traz consigo, inesquecido,
um aroma secreto e vago e doce, a flores mortas!

( Eduardo de Guimaraens - Soc. Poetas Mortos - 1892/1928)

30/Dezembro/2003:

"SE (IF) "

"Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti, quando estão todos duvidando,
E por esses, no entanto, achares uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares;
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais nem pretensioso;

Se és capaz de pensar, sem que a isso só te atires;
De sonhar, sem fazer dos sonhos teus senhores;
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires
Tratar da mesma forma esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
Em armadilhas, as verdades que disseste,
E as coisas por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder, e ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos e músculos, tudo,
A dar o que for que neles ainda existe;
E a persistir assim quando exausto, contudo,
Resta a vontade em ti que ainda ordena: 'Persiste'!;

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
E, entre reis, não perder a tua simplicidade;
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;
Se a todos podes ser de alguma utilidade;
Se és capaz de dar, segundo por segundo
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a Terra, com tudo o que existe no mundo
E - o que é mais - serás um Homem, meu filho!

( Rudyard Kipling - versão de Guilherme de Almeida - 1865/1938)

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